Cão adestrado é mais obediente e feliz

É possível homem e cão melhorarem sua forma de comunicação? Para os estudiosos da psicologia canina, a resposta é sim. O adestramento garante um cão mais obediente e feliz por conseguir entender o dono. Para o adestrador Wanderley da Silva, o ideal é que o cão comece a ser adestrado enquanto é filhote, de preferência a partir dos 5 meses.

Wanderlei, na área há 20 anos, diz que, no começo do treinamento, são passados os comandos básicos de obediência. “Eles entendem o significado da palavra ‘não’ e aprendem a sentar, deitar, dar a pata e andar com a guia junto ao dono. Esse treinamento básico dura de 3 a 6 meses, dependendo do cão”, disse o adestrador.

Aprendido o básico, outros comandos podem ser aplicados de acordo com a intenção do dono. “Há quem deseje que seu cão aprenda a andar sem coleira e outros querem um cão para competição, mas, para esses fins, é preciso um pouco mais de tempo e paciência com o cachorro.”

A educadora física Railene Carvalho defende o adestramento para todos os portes de cães. “Treinar um cão grande já é necessidade. E o cão de pequeno porte adestrado fica mais educado e até mesmo mais engraçadinho”, disse Railene, que é dona de Charlote, dog alemão que vai fazer 2 anos e é adestrada desde os 6 meses. “Na verdade hoje ela não faz mais o treinamento, o adestrador só reforça os comandos e passeia com ela.”

A educadora física lembra que o adestramento é um processo que depende muito do dono para dar certo. “O adestrador nos ensina a forma correta de tratar o animal e como usar os comandos. Quando vou caminhar com a Charlote, ela tem o instinto de ir atrás de um cachorro, por exemplo, mas sua obediência aos meus comandos é maior e isso é uma questão de saber domar”, afirmou Railene.

A jornalista Ana Cláudia Boaventura também percebeu as melhoras do seu dálmata quando começou a ser adestrado. Ana Cláudia conta que Zeus começou a ser adestrado aos 6 meses, quando descobriram que o dálmata é surdo, um problema comum na raça, segundo o adestrador Wanderley.

A deficiência auditiva não impediu que Zeus aprendesse os comandos passados. “Ele senta, deita, dá pata e não pula mais nas pessoas. Ele segue todos os comandos por gestos”, disse Ana Cláudia. Segundo o adestrador, o dálmata é muito ativo e a única solução para isso é que o dono ajude o cão a gastar energia. “O dálmata precisa passear pelo menos quatro vezes por semana e a solução para essa hiperatividade é uma só: cansar o cão”, disse Wanderley.

Cães com desvio de comportamento
Além de educar e melhorar a comunicação entre o dono e o cachorro, o adestramento pode ajudar cães que possuem algum desvio de comportamento. Esse pode ser o caso do vira-lata Nick. Ele chegou na família da vendedora Naida Dias há menos de um ano e já proporcionou várias mudanças na casa.

Um cão aloprado é a definição utilizada pela vendedora para tentar explicar como é Nick. Naida conta que o vira-lata corre e pula o dia todo. “Ele não para quieto e já tentou fugir várias vezes”, disse.

Nick, hoje com 5 anos, pertencia ao pai de Naida, que faleceu no ano passado. Sem ter para onde ir, o cãozinho foi adotado pela vendedora, que não contava com tanto trabalho. “Uma vez tivemos que chamar o vizinho para ajudar a salvar o Nick.

Ele estava dentro de casa e ao subir em uma cadeira viu um cachorro que passava na rua. Ficou tão louco que pulou a grade da janela e ficou pendurado”, disse.

O resgate de Nick não foi nada fácil. Enquanto a vendedora segurava o cachorro para não cair, a filha correu para pedir socorro. “Eu segurei o Nick, o vizinho segurou a escada para minha filha subir e salvar o danadinho”, afirmou Naida.

Dicas
Para o adestrador Wanderley Silva mudar esse tipo de comportamento em um cão adulto não é fácil, pois ele já tem uma índole formada. Porém deve-se tentar adestrá-lo. “A diferença de ensinar um cão adulto é que ele não consegue assimilar tudo da mesma forma que um filhote”, disse o adestrador.

Mesmo sem conhecer Nick, Silva arrisca alguns palpites. “Esse deve ser um cão muito ansioso. O primeiro passo para tentar resolver esse problema de ele querer fugir é tentar distraí-lo com brinquedos espalhados pela casa.”

Colocar um petisco em uma garrafa para que ele tente conseguir pegar o alimento também é uma boa opção. Segundo o adestrador, Nick precisa ser reprimido pelo dono com voz firme toda vez que tentar fugir de casa e ser bem recompensado quando respeitar a ordem. “É importante lembrar que todo treinamento só tem resultado se for feito com carinho, disciplina e sem violência”, afirmou Wanderley.