Abandono de animais cresce nas férias

O abandono de cães e gatos durante o período de férias cresce cerca de 80% na região, de acordo com especialistas em defesa animal. Nos meses de janeiro e julho cerca de 4.000 animais são deixados nas ruas do Grande ABC, segundo levantamento da Aspapet (Associação Paulista de Pet Shops). Nos outros meses, esse número pode chegar a 2.000, sendo 400 em cada cidade da região.

De acordo com a presidente da entidade, Silvia Valente, um dos principais motivos para o abandono nessas épocas do ano são o comércio desenfreado de filhotes e as viagens de férias. “Muitas pessoas compram os animais em um momento de impulso e esquecem que o bicho vai crescer e que pode viver de 15 a 20 anos. Quando o período de folga se aproxima é mais fácil descartar o animal do que procurar alguém para cuidar do bicho ou até mesmo pagar por um hotelzinho, cuja diária pode variar de R$ 18 a R$ 35.”

Silvia também destaca que muitas pessoas acabam contratando o serviço de pet shops só para abandonar o bicho. “Só aqui no meu estabelecimento chego a doar 200 animais por mês. Muitos são deixados na minha porta e outros vêm para o banho e o dono desaparece.” Na manhã de ontem mais uma matilha foi abandonada na porta do pet shop de Silvia, localizado na região central de Santo André. São duas fêmeas e dois machos – todos filhotes SRD (Sem Raça Definida). “Na caixa onde os animais estavam tinha um bilhete, no qual o dono dizia que não tinha condições de ficar com os cães”, conta.

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No caso dos filhotes é mais fácil encontrar um novo dono, ressalta Silvia, mas o mesmo não ocorre com os animais adultos.

Para a fundadora da ONG Ajudanimal (Grupo de Ajuda e Amparo aos Animais do ABC), que tem sede em Ribeirão Pires, Cecília Bentini, antes de adotar um animal as pessoas devem fazer uma projeção de vida. “Muitos compram ou adotam sem pensar quais serão seus passos futuros. Por isso, quando vão sair de férias ou mudar de imóvel, acabam deixando o animal em último plano e esquecem de encontrar uma solução. O mais fácil é jogar fora”, ressalta.

Já a presidente da ONG Clube dos Vira-Latas, também de Ribeirão, Cida Lellis, destaca a importância de campanhas permanentes de conscientização sobre posse responsável para erradicar o abandono. “Além disso, a castração dos animais é fundamental para impedir que a reprodução desenfreada continue ocorrendo e haja superpopulação de animais nas ruas.”

Um dado é unânime em todos os CCZs do Grande ABC: os animais que são mais abandonados são os vira-latas (SRD) e os mais difíceis de serem adotados são os pit bulls. Mesmo assim, todos os centros realizam regularmente campanhas de doação nos centros.