O mundo colorido dos animais de estimação foi colocado contra a parede

E a pressão vem de um pesquisador lá da Nova Zelândia que garante que um cachorrinho fofo como esse da foto ao lado pode poluir mais do que um carro esportivo.

Baseado no conceito de pegada ecológica, o arquiteto Robert Vale e sua mulher Kate Ravilious desenvolveram o artigo How Green is Your Pet? (Quão Verde é Seu Animal de Estimação?), publicado no final do ano passado na revista New Scientist.

O mote para o argumento do pesquisador da Universidade Victoria, em Wellington, é a carne usada para fabricar as rações dadas aos bichinhos. Eles analisaram quanto de ração é utilizada para alimentar um cachorro de porte médio por um ano e chegaram ao valor de 164 quilos de carne e 95 quilos de cereais, o que comprometeria 0,84 hectare de terra. Um carro esportivo rodando 10 mil quilômetros durante cerca de um ano alcançaria a média de 0,41 hectare, menos da metade do que o cachorrinho.

Mas não se desespere. A nutricionista americana Marion Nestle também pesquisa a alimentação dos peludos e diz que não há motivo para pânico.

– A pesquisa é interessante, mas exagerada. Não considera um aspecto importante, como o fato de que muitos animais comem restos de comida de seus donos – argumenta.

Marion também entende que o cálculo de pegada de carbono para as rações deve variar de um país para o outro, já que a composição delas não é a mesma. Para ajudar a alimentar melhor seu bicho e reduzir o impacto no ambiente, Marion, que é nutricionista, professora da New York University, lançou o livro Feed Your Pet Right (Alimente Corretamente Seu Animal de Estimação), ainda inédito por aqui.

Para quem ama os pets, ela ainda sugere.

– Outra boa ideia é criar animais menores, que são ambientalmente mais corretos – afirma ela.

Enquanto isso, o pesquisador neozelandês, questionado sobre a situação dos animais de estimação brasileiros, afirma que o grande problema da pegada ecológica está nos Estados Unidos e nos países europeus, onde as rações têm mais carne em sua composição. A pesquisa de Vale e Kate também originou um livro: Time to Eat the Dog? The Real Guide to Sustainable Living (Hora de Comer o Cão? O Guia Real da Vida Sustentável). Ao ser questionado sobre possibilidades de contornar o problema, o neozelandês foi duro:

– As pessoas amam seus carros, suas viagens de avião e têm muitos filhos. Tudo isso impacta no ambiente e, um dia, teremos de decidir o que queremos para o futuro.