Para quem está a fim de adotar cães em feiras

Na Seleções do Reader’s Digest – a famosa revista de que, penso eu, muitos falam mal enquanto veneram alguma outra muito pior – li há décadas sobre um anúncio num jornal estadunidense que dizia: “O único amor que o dinheiro pode comprar. Vendem-se cachorrinhos.” Sem dúvida criativo, espirituoso e respeitoso para com os cães, muito mais que apenas mercadoria ou brinquedo. E comprar um cão é apenas uma das formas lícitas e válidas de se ganhar um bom amigo e companheiro para quase duas décadas, além da garantia de raça e linhagem do bicho. Mas há quem não se importe com este “racismo” benigno (ou não pode ou quer gastar muito) e sustente que amor não se compra mesmo; estes podem conseguir sua companhia canina – de raça ou não, mas sempre bem cuidada – na feira de adoção mais próxima.

Feiras de adoção são o evento mais simples de descrever do Universo: vários cães e gatos são expostos à espera de interessados em adotá-los. Mas a simplicidade termina na descrição: comprar um carro zero ou uma casa não é assim tão mais difícil que adotar um cão ou colocá-lo para ser adotado, pois não basta ter CPF limpo ou cheque especial com limite maior que o PIB de um pequeno país; é preciso demonstrar amor pelos animais, aptidão para cuidar deles e interesse bem maior que um simples impulso. Feiras de adoção não são lugar onde se entra com carrinho e vai pegando bichos por quilo, muito menos onde se deixa um cão à porta como se fosse uma caixa de livros ou roupas velhas para um bazar de caridade. Pode-se dizer que feiras de adoção são como exposições em museus: não se destinam a grandes multidões. E é preciso tomar cuidado com o que em bom português se chama de “puppy mills”, as “usinas de bichos de estimação” que se preocupam menos com a qualidade que a quantidade dos animais que oferecem.

“A gente faz um questionário, conversa bastante com as pessoas, faz assinar um termo de responsabilidade”, resume Juliana Santana, que trabalha em várias feiras de adoção na Grande São Paulo, como a do supermercado Wal-Mart de Osasco e a do Pet Center Marginal na Zona Leste paulistana, esta última realizando-se quando há maior número de cães para adoção. Juliana diz conseguir uma boa média de adoções: “Um a dois cães por feira, no máximo cinco”.

Depoimento de dono de cão

Além dos eventos paulistas citados de que participa nossa amiga Juliana Santana (fale com ela: (11) 8290-6353), outras das principais feiras brasileiras de adoção de animais são a realizada no bairro curitibano da Fazendinha (contato: www.doacaodeanimais.com.br, doacaodeanimais@ig.com.br e (41) 245-2587, 245-9572 e 9151-8446), o Cantinho da Adoção realizado quinzenalmente pela Prefeitura de Porto Alegre (te abanque: (51) 8402-6608 e http://www.protetoresvoluntarios.com.br), o evento Adotar É O Bicho! de Florianópolis (contato: eobicho@eobicho.org ), a feira promovida pelo Grupo de Assistência e Proteção aos Animais (GAPA) na cidade do Rio de Janeiro (detalhes: www.gapaitaipava.com.br) e os eventos das arretadas União Protetora de Animais Carentes de Fortaleza (confira seu bixim aqui, bixim: upac.contato@gmail.com e http://upacfortaleza.wordpress.com/) Associação Amiga dos Animais (AMA) na cidade baiana de Vitória da Conquista (detalhes: (77) 3422-4958 e http://associacaoamigadosanimais.blogspot.com). Algumas destas feiras cobram taxas de adoção (geralmente simbólicas, por volta de 3 reais, ou em espécie, como um quilo de alimento não perecível).

Nunca é demais lembrar antes de adotar o cão, certifique-se de que ele está perfeitamente saudável, asseado (a feira é para adoção de cães, não pulgas!), castrado (se tiver mais de quatro meses de idade), vacinado e vermifugado – e sua casinha ou cercado está limpa e confortável. (Lembrei-me do poema “O Laço de Fita” do grande poeta baiano Castro Alves ao ser informado de que nas feiras de adoção da conterrânea AMA os cães são enfeitados com laços e fitas.) E, no caso de você levar seu cão para ser doado, reserve espaço com antecedência e nem pense em aparecer se ele não estiver com todos os requisitos acima em ordem, muito menos em deixá-lo com os responsáveis pela feira caso ele não seja adotado; neste caso ele voltará com você – e também será devolvido se for adotado e não se acostumar com o novo dono. (Não confunda: organizadores de feiras não recolhem bichos, apenas ajudam – e muito! – nas doações e adoções). E o doador deverá ter pelo menos 18 anos de idade, além de apresentar RG, CPF, comprovante de residência e assinar um termo de doação. Parece muita coisa ou frescura demais? Bem, já vi muita gente boa se casar tomando bem menos precauções e depois ainda ficar reclamando.