Veneno proibido é usado para matar cães e gatos no RS

Composto 1080 afeta sistema nervoso e também pode matar pessoas.
Ministério da Agricultura diz ter dificuldade para fiscalizar estabelecimentos.

Um veneno que tem o comércio proibido no Brasil é vendido em Torres (RS) para matar cães e gatos. O produto tóxico é vendido em casas agropecuárias.

Os vendedores sabem que o produto é perigoso e orientam os clientes a colocar o pó em alimentos para os animais.

A substância foi analisada por um laboratório de Porto Alegre. De acordo com o laudo, o produto é um raticida altamente tóxico e não tem antídoto.

O composto 1080, como é conhecido, não é perigoso apenas para animais domésticos e, se for ingerido por uma pessoa, é fatal.

“Não tem como tratar o veneno em si. É um tratamento de difícil recuperação e tudo indica que vai levar a morte sim”, afirma a médica toxicologista Adriana Wolffenbüttel.

Em animais domésticos e no ser humano, o veneno age no sistema nervoso central, sistema respiratório e no coração. Em no máximo 30 minutos é absorvido pelo organismo e provoca convulsões, o coma e a morte.

Por causa do perigo que representa, vários países do mundo já proibiram a venda do composto 1080. Quem vende esta substância, além de colocar em risco a saúde pública, está cometendo crime.

“As sanções são de diversos níveis. Começa com a instalação de processo ético profissional e aí as medidas são desde uma advertência até o extremo oposto, que seria a cassação do exercício profissional, dependendo do envolvimento do profissional”, afirma o assessor do Conselho Regional de Veterinária, Augusto Langeloh.

A coordenadora da Vigilância Ambiental em Saúde de Torres, Carmem Vieira, reconhece a gravidade da situação, mas diz que a fiscalização das agropecuárias é responsabilidade do Ministério da Agricultura.

“O Ministério da Agricultura tem o poder de intervir nos estabelecimentos. O município atua somente se houver denúncias ou reclamações”, diz Carmem.

O delegado do Ministério da Agricultura, Francisco Signor, reconhece que existe dificuldade para fiscalizar as mais de cinco mil lojas de produtos agropecuários no Rio Grande do Sul.

Outro problema que preocupa as autoridades é que o veneno é vendido sem qualquer indicação sobre o princípio ativo. Se um animal ou uma pessoa ingerir, é impossível saber o que provocou a intoxicação.

Fonte: G1