Aquário de Santos é referência nacional no tratamento de animais

Eles chegam debilitados, feridos, muitas vezes depois de suportar viagens de mais de 100 quilômetros dentro de caixas, até chegar a Santos.

São animais como tartarugas e aves marinhas – gaivotas, fragatas e atobás – recolhidos no mar ou na faixa de areia. Não demora muito para alguns se comportarem como bichos de estimação.

‘Chiquinha’, por exemplo, adora cosquinhas! Na quarentena, a tartaruga vira-se de costas para receber carinhos na barriga, bate as nadadeiras e espalha água para todos os lados.

“Parece um cachorrinho”, comentam os tratadores e estagiários de biologia do Aquário Municipal de Santos, para onde os animais são levados por banhistas que se dispõem a pedir socorro à Polícia Ambiental, ao Ibama ou ao Corpo de Bombeiros para garantir-lhes atendimento. A simples brincadeira é medida de estimulação para o bem-estar do animal em cativeiro.

Primeiro aquário público do Brasil e segundo parque em visitação no estado de São Paulo – atrás apenas do Zoológico da capital – o equipamento conta com verdadeira força-tarefa para manter o plantel e atender os animais. De 1993 até este ano, recebeu cerca de 1.791 desses seres marinhos, entre os quais 449 pinguins, outras 316 aves e 230 tartarugas.

“Por ser referência no tratamento de animais e pioneiro no País na recuperação de pinguins, o Aquário de Santos norteou a criação do protocolo de atendimento em vigor em todo o território nacional”, informa o prefeito João Paulo Papa. Os veterinários Cristiane Lassálvia e Gustavo Dutra são os primeiros a avaliar os animais. “Se conseguem se alimentar, recebem apenas medicamentos em função de sua condição clínica.

Do contrário, garantimos alimentação parenteral.” Como quase sempre chegam desnutridas, as tartarugas têm amostras de sangue recolhidas e recebem soro, se necessário. “A maioria apresenta lixo no intestino e temos que estimular a evacuação. Se isso acontece em uma semana, há chance de sobrevivência”, diz Cristiane.

Segundo a veterinária, 60% das tartarugas morrem, apesar dos esforços, pela ingestão de plástico, fios e rede de pesca, e até pedaços de brinquedos.

Cuidados necessários
Os cerca de 2 mil animais do parque consomem 1,100 tonelada de peixes e frutos do mar por mês – no inverno, 1,600 tonelada. A preferência é por sardinha (400 quilos mensais) e manjuba (350 quilos), mas eles recebem também merluza, camarão, lula, marisco, siri, trilha, anchova, tilápia, cavala, tambaqui e bonito.

As tartarugas comem três vezes por semana e os pinguins, com metabolismo acelerado, duas vezes por dia. Ao contrário do dito popular, os peixes não morrem pela boca, já que se alimentam apenas três vezes por semana. “São animais com metabolismo lento, que rejeitam comida em excesso. E o alimento a mais pode deteriorar as condições da água”, explica Cristiane.

Os tanques da quarentena são higienizados diariamente. Os de exposição ao público, além de terem o fundo aspirado, são avaliados com a mesma frequência, com testes como alcalinidade, nitrito, amônia, cloro e salinidade. “Qualquer dado diferente dos parâmetros exige providências imediatas”, frisa Sérgio Luiz da Silva, chefe do Aquário.