O cachorro também é ser humano

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Rogério Magri (Ministro do Trabalho do Governo Collor) foi criticado, achincalhado pela imprensa e motivo de piada quando deu a célebre declaração: “Cachorro também é ser humano”.

Mas (…) o tempo passou, inventaram o “politicamente correto”, as Ongs, as OSCIPs, enfim, será que o Magri estava errado ?

Ultimamente o cão de melhor amigo do homem foi promovido a “filho”, veste roupa de gente, tem nome de gente, vai ao salão de beleza, toma banho de banheira enfim, é a humanização dos animais de estimação.

Em São Paulo já existe pet shop que tem até “fraldário” (imaginem vocês) para cães e alguns casais estão optando por “adotar” cães como se fossem verdadeiros filhos, nada contra os animais, especialmente os cães, (muito pelo contrário) mas há que se questionar até que ponto essa postura encontra respaldo no razoável.

Segundo especialistas, os cães passaram a ser o centro de algumas famílias, o casal só viaja ou sai para jantar quando o “cãozinho pode”, de acordo com a antropóloga Mirian Goldenberg, o cachorro é a nova televisão, tem a capacidade de “unir” as pessoas.

Essa relação com o bicho como se fosse gente, acaba comprometendo a ambos, primeiro porque o animal tem suas necessidades básicas e deve ser tratado de acordo com sua natureza e segundo, porque para alguns profissionais da psiquiatria essa relação consiste num certo tipo de fuga, porque a relação com o animal é mais fácil ele pode ser controlado de acordo com a vontade do dono.

A látere dessa discussão pouco comum até alguns anos atrás, trago novamente à baila a questão da família, de certo modo, essas relações com gatos e cachorros, tendem senão a substituir, ao menos complementar as difíceis relações entre pais e filhos, espero sinceramente que a Antropóloga Mirian Goldenberg não tenha razão, pois se o cão se transformar de fato na nova televisão, a família estará mais uma vez em sérios apuros, apesar dos benefícios inquestionáveis com relação à informação e à cultura, é difícil negar que a televisão, ou melhor, algumas programações, contribuíram e contribuem para a desagregação da família e dos seus mais básicos valores.

Seja por dificuldades de relacionamento seja por gostar de bicho mesmo, não há que se perder de vista o limite que rege nossas vidas e o próprio universo, caso essas balizas caiam na irresponsável subjetividade, corre-se um sério risco de piorar ainda mais a configuração de nossas famílias, com o abandono de jovens e adultos.

A família é um time o problema de cada um deve ser compartilhado e resolvido por todos, os efeitos de um adolescente abandonado na frente do computador são os mesmos que o outro abandonado nas ruas.

Embora os animais mereçam todo respeito e bondade, jamais substituirão o ser humano por uma simples razão: eles não podem dar tudo que os humanos nos dão, mas se mesmo assim isso acontecer (como já está acontecendo) o conceito de humanidade vai precisar ser alterado, ou seja, o Magri tinha mesmo razão.

Autor: Rogério Antonio Lopes
Fonte: Paraná Online