Dono de gato aumenta recompensa para quem localizá-lo

O pesquisador Maicon Saul Faria, da Universidade de Campinas (Unicamp), aumentou de R$ 150 para R$ 500 a recompensa para quem localizar seu gato de estimação – o Esquilo – e mobilizou um batalhão de captura no esforço concentrado que realiza desde esta quinta-feira até domingo para localizar o bichano. Esquilo está desaparecido desde segunda-feira à tarde, quando escapou da gaiola em que viajava de Tocantins a Campinas, num voo da Gol, durante a troca de aeronave feita no aeroporto de Brasília.

Maicon teme que quanto mais o tempo passe, mais o gato se afaste do local, assustado com o barulho e o movimento do aeroporto. “Sei que ele está com fome, estressado e certamente não está em segurança”, disse o pesquisador. “São dois anos e meio de convivência e ele depende de mim para quase tudo”, explicou. A mulher dele, que estava de férias em Palmas (TO), chega na sexta-feira (29) para se juntar às buscas, que contarão com o auxílio de voluntários recrutados pela Augusto Abrigo, entidade dedicada à proteção de animais abandonados ou vítimas de maus tratos.

O paradeiro de Esquilo é uma incógnita e de fato ele pode estar em apuros. No entorno do aeroporto, existe uma mata de cerrado nativo, onde já vivem outros gatos fugidios, perseguidos por vira-latas e até bichos que escapam do zoológico, que fica nas proximidades. Pouco adiante, começa o setor habitacional do Lago Sul, com suas mansões protegidas por ferozes cães de guarda. “A tendência é que ele busque refúgio fora do aeroporto por causa do excessivo barulho dos aviões e do movimento”, previu Eliana Zanetti, fundadora do Abrigo.

A instituição cedeu duas gatoeiras, colocadas em pontos estratégicos na parte interna do aeroporto, com iscas para atrair o bichano. Maicon comprou uma terceira, por R$ 200, e a colocou na noite de quarta-feira (27) no estacionamento externo, alertado de que gatos costumam se abrigar no motor de carros à noite porque, além de protegidos, são quentes. De manhã, veio a decepção: “Levaram a gatoeira”, lamentou. “Não tenho nem como saber se com ou sem o gato dentro”.

Físico de formação, Maicon, de 29 anos, é vinculado ao Departamento de Engenharia Elétrica da Unicamp. Ele trabalha no Projeto de Simulador Eletromagnético (SEM), patrocinado pelo Centro Nacional de Pesquisa Tecnológica (CNPQ), que realiza experiência pioneira de ressonância magnética para verificar como as ondas de equipamentos de comunicação são distribuídas e se são nocivas à saúde humana. Suas férias acabam na sexta-feira e ele tem de se apresentar ao trabalho na segunda.

Paixão
Apaixonado por gatos, ele tem atualmente cinco animais, quatro deles deixados com amigos e familiares em Campinas. Levou Esquilo, seu favorito, na viagem de férias ao Tocantins. Na volta, durante a troca de aeronaves, em Brasília, o bichano forçou o lacre da gaiola, que estava mal fechado e conseguiu fugir. Maicon não sabe como aconteceu o acidente, mas não acredita que foi imperícia dos funcionários da companhia aérea.

Desde então, ele literalmente “acampou” no aeroporto, onde perambula das 6 da manhã até tarde à noite com um cartaz de “procura-se” nas mãos. As despesas com hospedagem e alimentação são bancadas pela Gol, que também dá todo apoio logístico nas buscas. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) cedeu veículos, mobilizou segurança e deu permissão especial para Maicon e as pessoas envolvidas na captura terem acesso aos locais internos.

Esquilo é um gato cinza comum, sem pedigree, de cauda decepada por causa de um acidente. É filho de uma gata de rua, sustentada pela vizinhança de Maicon. De uma ninhada, há dois anos e meio, o físico recolheu dois filhotes para criar, entre os quais Esquilo. Um grupo numeroso de gatos de rua perambula nas instalações e redondezas do aeroporto. Entre eles, é famosa a gata Olga, que costuma atrair machos no cio. Um servidor sugeriu usá-la como isca, mas foi informado por Maicon que Esquilo é castrado e não se interessa por fêmeas.