Falta profissional para trabalhar em pet shop

Com mais dinheiro no bolso, a população do Grande ABC não economiza nos gastos com os animais de estimação. O setor de banho e tosa é o mais rentável para os estabelecimentos e justamente o que sofre com a falta de profissionais qualificados. Dados da Aspapet (Associação Paulista de Pet Shops) apontam que a região tem 3.000 pessoas que cuidam da estética de cachorros e gatos, mas o ideal seria ter o dobro.

A presidente da Aspapet, Silvia Valente, afirma que enquanto os veterinários estão se digladiando para conseguir uma colocação no mercado, os proprietários de pet shops sofrem com a falta de banhistas e tosadores. “Os funcionários novos demoram a ficar experientes, mas quando conseguem abandonam a empresa para montar um negócio na garagem de casa, que às vezes nem vinga.”

Devido ao número de acidentes, que em 2011 causaram a morte de aproximadamente 100 animais, os pet shops estão mais rigorosos na seleção. A alternativa encontrada pela médica veterinária da Mundo Pet, Adriana Cabral Lustoza, foi treinar as duas funcionárias. “Essa foi minha garantia para que o serviço seja bem feito. A mais velha está comigo há três anos e a outra há um ano”, diz. A clínica, localizada em São Bernardo, tem outros cinco prestadores de serviço que ajudam no fim de semana.

A remuneração média do tosador é de R$ 700 mais 20% de comissão por cada animal tratado. Os banhistas recebem R$ 800. Silvia afirma que o salário dos profissionais mais experientes atinge entre R$ 1.000 e R$ 4.000. Entretanto, essa é a realidade de poucos, pois muitos profissionais trabalham como autônomos nos estabelecimentos para ajudar na alta carga de serviço do sábado.

Para Ivone Soares da Silveira, 43 anos, o setor foi a chance de conquistar emprego formal após ficar dez anos sobrevivendo de bicos. “Gosto muito de cães e gatos, por isso resolvi fazer um curso de banho e tosa. Trabalhar na área é sinônimo de ser paciente e carinhosa com os animais”, explica. Depois que fez aulas para atuar em pet shops, ela afirma que não passou mais pelo desemprego. Hoje tem renda de R$ 700 mais benefícios.

Diversos pet shops na região oferecem cursos livres para interessados em atuar no setor. Os valores variam entre R$ 590 e R$ 2.500, com média de dez aulas práticas. Alguns estabelecimentos que oferecem o curso em Santo André são o Pet Shop e Centro Veterinário Puppy Brasil, Espaço Animal e Avicultura Canarinho. Em São Bernardo, a opção é a Cãoveniência Pet Shop.

Funcionário tosa até 30 animais por dia
Banhar e tosar entre 20 e 30 animais por dia não é tarefa fácil para os profissionais. Os funcionários que dão conta são os mais cobiçados pelos estabelecimentos de médio e grande porte na região. De acordo com a presidente da Aspapet, Silvia Valente, essas pessoas não recebem salário menor que R$ 2 mil.

Os iniciantes conseguem em média cuidar da estética de seis animais. “A mão de obra desses profissionais é mais barata, custando menos que R$ 1 mil”, detalha Silvia, que também é proprietária do Canil Dog Valent’s, em Santo André. Ela diz que o setor ficará mais aquecido nos próximos anos. Não faltará emprego para os mais qualificados.

A médica veterinária Renata Jaloretto, proprietária da andreense Village Pet, confirma que no início da operação do pet shop foi complicado conseguir profissional qualificado. Cerca de 70 animais são banhados e tosados, semanalmente, por duas funcionárias. “O número é pequeno, pois funcionamos há um ano. Mas é visível que as pessoas gastam mais com veterinário e estética.”

De olho no mercado, o veterinário Múcio de Faria Guedes abrirá em março um hospital em Santo André, ao lado da clínica Amicão. “Cachorros e gatos são considerados membros da família, logo os donos não medem esforços para proporcioná-los bem-estar”, observa. A infraestrutura do centro médico contará com áreas de exames e especializadas, como fisioterapia, sistema de radiologia digital e laboratório de análises clínicas.

Apesar da crescente demanda por serviços nos pet shops do Grande ABC, a área de produtos, que enfrenta concorrentes como os supermercados, megalojas especializadas e pontos de venda informais, sofre com queda no faturamento. No ano passado, os 6.500 estabelecimentos faturaram R$ 6,4 milhões, valor 20% menor que em 2010. A expectativa da Aspapet é ao menos repetir a cifra neste ano. No País, somente o setor de serviços movimentou R$ 2,2 bilhões.

Fonte: Diário do Grande ABC
Autor: Alexandre Melo