Pet shop móvel: com demanda em alta, empresário investe na revenda de veículo

Vitor Sorano

A FAG Brasil Veículos Especiais continua a fazer as ambulâncias com que entrou no mercado, mas elas deixaram de ser o filão da empresa. O carro-chefe hoje, com dois terços das vendas mensais, é o pet shop móvel – um salão de beleza sobre rodas para animais de estimação. O público-alvo são empresários com pelo menos R$ 30 mil no bolso para criar um salão de beleza sobre rodas a fim de atender animais de estimação na porta da casa dos donos.

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“De 2010 para 2011, [as adaptações para pet shop móvel] cresceram 200% e, de 2011 para 2012, outros 200%”, diz Gislene Viana, proprietária da FAG, que planeja uma linha de montagem exclusiva para o segmento, a fim de triplicar a produção até o fim do ano. “Queremos chegar a 12 unidades por mês.” As demandas vêm de Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.

A empresa não está sozinha. A Volare, do Rio Grande do Sul e líder no segmento de miniônibus no Brasil, iniciou estudos para entrar nesse mercado até meados de 2013. “Que a empresa vai entrar já está definido. O que não está ainda é se por meio de parceria com alguma outra companhia para equipar o veículo e a definição do modelo do veículo em si”, informa a fabricante, em nota. A FAG busca uma parceria com a empresa gaúcha.

Em outro indicativo do interesse que os pet shops móveis têm despertado, empresários que já estão nesse segmento da bilionária e promissora cadeia de mercado pet do Brasil – R$ 14,2 bilhões de faturamento em 2012, alta de 16,4% ante um Produto Interno Bruto (PIB) de 0,9% – têm apostado na revenda de seus modelos de negócios para outros.

As vantagens, segundo os empreendedores ouvidos pelo iG , são o investimento inicial relativamente baixo, a ausência de despesa com o aluguel e, claro, a dedicação dos donos a seus bichos a ponto de não conseguirem vê-los longe de casa sequer para tomar banho.

“Ele pertence à família como os outros”, argumenta Anna Botelho, que idealizou e patenteou, junto com o sócio, o Unique Mobile Pet Beauty, um serviço premium de salão de beleza para animais de estimação que circula pelos luxuosos bairros de Alphaville e Tamboré, na Grande São Paulo.

Com 9 meses na ativa, o serviço já chamou a atenção mesmo sem praticamente ter saído dos condomínios fechados da região. “Tivemos interessados de Pará, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul”, conta Anna, que tem três cursos na área de estética animal.

A empresária, formada em publicidade, não revela o quanto fatura com as tosas, cauterizações, hidratações. Diz apenas que o preço do banho varia de R$ 30 a R$ 110, de acordo com o tamanho do animal. E calcula que é possível pagar o investimento – cerca de R$ 130 mil – em um ano, aproximadamente.

“Tem gente que pede para eu ir atender em São Paulo, mas não tem como”, diz ela. “Tem dia que são 12, outros são 16 clientes. É preciso marcar com pelo menos 15 dias de antecedência.”

Anna elaborou dois modelos de revender o negócio: um em que o interessado adquire apenas o veículo adaptado ou a adaptação de seu próprio veículo; e outro, em que é possível usar a marca Unique, sob determinadas condições.

Só que a concorrência será acirrada, avisa Ricardo Calil, consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP). Há, lembra ele, 40 mil pet shops convencionais no Brasil e 5 mil em São Paulo.

“Ele [o dono do animal] às vezes pode levá-lo do lado de casa”, diz Cali. “[O pet shop móvel] é uma vertente que não dominará as lojas.”

Faturamento de R$ 20 mil
“Hoje em dia, cachorro é membro da família. Os clientes não se importam em pagar um pouco a mais e mesmo ceder a energia elétrica para ter o pet shop na porta de casa”, diz Cláudio Fernandes, de Mogi das Cruzes, em São Paulo. “Isso elimina 80% do estresse do cão.”

No ramo há seis anos, o empresário diz que, embora a maior parte dos clientes continue a ser das classes A e B, o serviço já se popularizou. São cerca de 600 animais por mês, atendidos por três veículos, que garantem um faturamento de pelo menos R$ 20 mil.

Em parceria com um amigo, Fernandes passou a também vender veículos para quem quer entrar no ramo. Um deles será mandado para Juiz de Fora (MG). Desde 2012, já foram 15 adaptações. “Todo dia atendo de cinco a dez telefonemas de interessados para comprar”, diz ele. Cada modelo sai por de R$ 20 mil a R$ 45 mil, de acordo com a sofisticação e o tamanho do veículo.

“A ideia agora é criar clínicas veterinárias e centros cirúrgicos móveis”, diz Fernandes, que divide seu tempo entre a vida de empresário e o curso de veterinária.

Diretor da franquia Pet Shop Móvel, Ricardo Nascimento acredita que chegará ao fim de 2013 com 15 associados. Hoje são cinco e há três em negociação, diz ele. O conjunto de veículo, adaptação e taxa de franquia sai por volta de R$ 150 mil e é necessário pagar R$ 500 por mês de royalties. O faturamento bruto mensal varia de R$ 12 mil a R$ 15 mil.

“Geralmente é um negócio que não precisa de um alto poder de investimento. Para muitos, é o primeiro negócio. Mas tem de gostar de animal.”

Fonte: iG