Portas fechadas para os pets

Os cachorros podem até ser os melhores amigos do homem, mas nem tanto dos empresários e gestores públicos. Pelo menos aqui no Recife. Hoje, a cidade conta com pouquíssimos estabelecimentos que permitem a entrada ou têm espaço reservado para os animais. Ao contrário do que ocorre em outras capitais do País, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Nessas cidades, shoppings, por exemplo, já permitem a entrada de bichos.

Consenso entre os apaixonados por cães é que grande parte das restrições se deve à falta de educação dos donos. A estudante Bárbara Almeida, 20 anos, não titubeia. “Para andar com seu cachorro na rua é preciso, antes de tudo, ter bom senso. É necessário apanhar o cocô e ter discernimento para saber se o cão oferece perigo.” Para ela, a conscientização dos proprietários facilitaria o acesso de pets aos estabelecimentos.

“Zé é um yorkshire de um ano e meio. Não morde e mal late. Tenho muita dificuldade de levá-lo para os lugares, principalmente para visitar meus pais, em Natal. Por duas vezes, ele viajou escondido na minha bolsa. Faço isso às vezes em mercados, quando não tenho com quem deixá-lo”, conta.

Membro do Serviço de Auxílio à Vida Animal e ao Meio Ambiente (Savama), Andréa Xavier cuida de oito cachorros. “Todos os meus bichos são deficientes e não os levo para espaços públicos, mas sei da necessidade de outros e acho que deveriam existir mais locais adequados para deixá-los.”

Andréa entende, no entanto, que não se pode obrigar o convívio com animais. “Há pessoas que têm medo, outras alergia, mas defendo que os estabelecimentos criem espécies de canis, onde o cliente possa deixar o bicho enquanto resolve seja lá o que for.”

No entanto, aos poucos, alguns empreendimentos estão abrindo os ouvidos para as solicitações dos clientes e, consequentemente, as portas para os animais, a exemplo do Shopping Tacaruna. A superintendente do centro de compras, Sandra Arruda, esclarece que animais de pequeno porte podem circular pelo mall desde que acomodados no colo, em bolsas ou caixas apropriadas pelos donos. Fica vedada apenas a ida à praça de alimentação.

Na Iputinga, a Padaria São Mateus criou um espaço para os clientes deixarem os cães. Quem dá a boa nova é Andréa, cliente do local. “Sem esse espaço, ficamos dependendo da boa vontade de um segurança para olhar os bichinhos.”

Outro exemplo é o restaurante Rei da Coxinha, em Gravatá, no Agreste. Um dos primeiros a oferecer área exclusiva para consumidores acompanhados de bichos. “Depois que a Vigilância Sanitária proibiu a entrada de animais em locais que vendem comida, os clientes passaram a reclamar. Assim, criamos a área na loja perto da entrada de Chã Grande. Em breve, terá também na da Serra das Russas”, conta o gerente Rinaldo da Silva.

No Recife, um local que não oferece área específica, mas está de braços abertos a animais e proprietários é a Galeria Casa Forte, localizada na praça de mesmo nome. Passear com o cachorro e fazer uma parada na calçada para comer coxinha, empada ou tomar um açaí é hábito dos frequentadores.

Já no Shopping Recife, apenas animais com destino ao pet shop, que fica na 2ª etapa do mall, podem entrar. O trânsito de animais é feito pela entrada social G.

É importante esclarecer que portadores de deficiência acompanhado por cão-guia podem circular livremente em qualquer ambiente, desde que apresentem os documentos necessários do animal (atestados de saúde e treinamento). Como manda a lei.

Autor: Manuella Antunes
Fonte: Jornal do Commercio