Animais idosos pedem cuidados especiais

Problemas nas articulações e para enxergar, perda dos dentes, preguiça, lentidão. Esses são alguns sinais de que seu bicho de estimação está chegando na velhice.

E, assim como os humanos, eles precisam de cuidados especiais para garantir um fim de vida mais saudável e feliz. A partir dos 6 anos, gatos e cachorros necessitam de atenção diferenciada.

Há sete anos na profissão, o veterinário Júnior Caçador informa que as principais doenças que atingem animais domésticos estão relacionadas à articulação, como artrose, artrite e problemas de coluna. Outras enfermidades que acometem os bichos em sua “terceira idade” são a pneumonia – que se agrava com o clima frio -, além problemas cardíacos, catarata, insuficiência renal, câncer e até diabete. O comportamento do animal também muda. “Ele fica mais lento, mais preguiçoso e dorme mais”, diz Caçador.

Assim, é importante dispensar atenção adicional para o animal nesta fase, que fica mais dependente de seu dono. “Muitos cães, por exemplo, chegam a perder os dentes e precisam de ajuda para engolir a comida”, afirma.

Para garantir mais qualidade de vida aos animais de estimação, o veterinário aponta que a alimentação é uma das principais medidas para provocar um crescimento saudável. “O mercado oferece rações com anti-radicais, que cuidam da saúde do animal desde pequeno”, ressalta. “Para cada porte de animal, existe uma ração específica, que supre determinadas necessidades do organismo. Há também vitaminas para os animais idosos. Mas é importante que o dono procure orientação de um veterinário que o auxilie na dosagem desses suplementos”, explica.

De acordo com Caçador, há raças de cães mais resistentes e que vivem mais. Os de pequeno porte alcançam, em média, os 15 anos. Já cachorros de grande porte têm uma média de longevidade entre 9 a 10 anos. O vira-lata é considerado o cachorro mais resistente. “O poodle e o pinscher são raças consideradas mais fortes. Já o rottweiler, cocker e buldogue inglês, por exemplo, demandam mais cuidados, pois são mais sensíveis e propensos a doenças”, aponta.

Outro fator importante para a vida de todos os bichinhos de estimação é manter a vacinação em dia. “Questões básicas de higiene e um ambiente feliz também garantem qualidade na vida do animal e contribuem para solidificar uma vida mais saudável”, orienta.

O veterinário Matheus Millo Hoppe diz que é importante o acompanhamento veterinário a cada seis meses. “A expectativa de vida dos animais domésticos, como o cachorro, aumentou bastante graças aos avanços da medicina veterinária e da alimentação”. Nessa visita ao veterinário, uma avaliação será feita para prevenir doenças ou diagnosticá-las. “O cão se torna mais obeso na terceira idade, mas, ao mesmo tempo, está mais cansado. O dono precisa fazer caminhadas mais leves e ficar de olho na alimentação”, salienta.

Outro fator que influencia de forma negativa na saúde do animal é o isolamento. “Se ficar muito tempo preso, ele fica mais agressivo”, reforça Caçador.

Por mais que vários tipos de doença acometam os cães na velhice, o principal motivo de morte, em Bauru, ainda é a leishmaniose, que atinge animais das mais variadas idades. “As causas da disseminação da doença são o lixo, a má higiene no ambiente em que o animal vive e a falta de pulverização do mosquito causador da doença”, ressalta Caçador.

E por mais que a medicina veterinária evolua, vários procedimentos de cirurgias e tratamentos para animais mais idosos ainda são inacessíveis às clínicas e hospitais veterinários. “Os custos de equipamentos são muito altos, mas a tendência é que sempre a veterinária desenvolva tecnologias e ofereça novos tipos de tratamentos para os animais”, realça Hoppe.

Doenças podem levar ao abandono

Um dos motivos que levam os donos abandonarem seu bichos são as doenças que, geralmente, aparecem quando os “melhores amigos” ficam mais velhos. “A maioria das pessoas que resolvem abandonar um cão, um gato ou outro animal alega não ter condições de cuidar”, revela a presidente da organização não governamental (ONG) Naturae Vitae, Fátima Shroeder, que recebe denúncias de maus-tratos de animais.

“O proprietário, na verdade, adquire um animal e não é responsável o suficiente para assumir todos os cuidados necessários em relação ao bicho”.

A legislação protege animais de maus-tratos e prevê punição para quem agride ou abandona os bichanos. A lei 9.605/98, de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza, pune esses atos com multa de R$ 20 mil a R$ 500 mil. O responsável, que pode ou não ser o dono do animal, também está sujeito ser preso por 2 a 15 dias.

“Ao adquirir uma animal, é preciso avaliar as condições de mantê-lo, o espaço disponível para criá-lo, é necessário assumir os gastos com vacinas e demais deveres”, completa o veterinário Júnior Caçador.