Cientistas dizem que alguns animais planejam o futuro

Nos últimos 20 anos, houve uma grande revolução na compreensão da inteligência dos animais.

Macacos fazem contas de cabeça, pombos são capazes de entender quando uma imagem não faz parte de um conjunto. Seres humanos podem não ser os únicos animais que planejam para o futuro, dizem pesquisadores que apresentaram seus estudos mais recentes sobre a capacidade mental dos animais.

“Eu diria que nós humanos deveríamos manter nossos egos sob controle”, disse Edward A. Wasserman, da Universidade de Iowa, na reunião anual da Associação Americana para o progresso da Ciência (AAAS).

Wasserman, um pesquisador de psicologia experimental, disse que, como as pessoas, pombos e babuínos são capazes de identificar quais figuras são similares, como triângulos e pontos, e quais são diferentes. Esta é a definição de conceito, disse ele, “e os animais passaram com louvor”.

Ele falou em um simpósio sobre Esperteza Animal, onde pesquisadores discutiram as últimas descobertas sobre as capacidades mentais dos animais.

Nos últimos 20 anos, houve uma grande revolução na compreensão dos animais, acrescentou  Nicola S. Clayton, professora de cognição comparativa da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Animais não só usam ferramentas, como ainda guardam-nas para usar no futuro, acrescentou.

“Planejar para o futuro já foi visto como algo único dos humanos”, disse ela. “Agora sabemos que não é verdade”.

Por exemplo, disse ela, corvos já foram vistos guardando comida para o dia seguinte e, até mesmo, descobrindo meios de impedir que a reserva fosse roubada.

Falando sobre a inteligência dos corvos, Alex Kacelnik, professor de ecologia comportamental da Universidade de Oxford, destacou “o mestre no uso de ferramentas do mundo das aves”, o corvo da Nova Caledônia.

Esses pássaros não só já foram vistos usando ferramentas, como fabricando seus instrumentos, torcendo e dobrando pedaços de fio para retira comida de locais inacessíveis.

Jessica Cantlon, da Universidade Duke, chamou atenção para o fato de que o “senso de número” aparece na evolução compartilhada de muitas espécies de primatas. Por  exemplo, crianças humanas são capazes de, depois de ver o mesmo número de objetos aparecer em diferentes configurações, notar quando o número muda. Macacos fazem o mesmo.

Além disso, universitários e macacos parecem ter o mesmo nível de capacidade de estimar a soma total de dois conjuntos, sem contá-los elemento a elemento. Cientistas agora estudam se macacos são capazes de apreender o conceito de zero.

Fonte: Estadao.com.br