Não posso mais ficar com meu animalzinho de estimação!

E agora, o que eu faço?

Sem dúvida, ter um animalzinho de estimação é o desejo de muitas pessoas. Somente aqueles que têm, ou já tiveram, sabem o quanto é gratificante o amor que eles nos oferecem. Chegar em casa cansado, muitas vezes estressado pelo trabalho, e ser recebido por um cãozinho ou um gatinho transbordando amor incondicional, é uma sensação única.

Mas infelizmente nem todas as pessoas sabem retribuir todo esse carinho. A triste realidade do abandono e dos maus-tratos aos animais também está presente em nossa comunidade.

Muitas vezes, na empolgação do momento e cativado pela fofura de um animalzinho quando filhote, as pessoas compram ou adotam um animal de estimação. Mas, antes de assumir uma responsabilidade como essa, é preciso levar em conta que estamos vivendo em outro país e que a maioria de nós moramos em imóveis alugados, trabalhamos no sistema de terceirização de mão de obra e que estamos sujeitos a mudanças a qualquer momento.

Por muitas vezes são esses os fatores pelos quais muitos animais são abandonados à própria sorte, deixados em instituições de proteção animal ou descartados no temido Hokenjo (centro de zoonose).

Para entender um pouco mais sobre essa situação, conversei com as protetoras de animais Sol Harada, de Gunma, vice-presidente e responsável pelas adoções da ONG Happy Family; e Elen Tanaka, da TNR Projeto Felinos Japan, de Shizuoka.

A protetora Sol Harada realiza, há 8 anos, o trabalho voluntário de resgate e encaminhamento de animais abandonados e descartados.

Hoje, ela possui em sua casa, 9 cachorros e três gatos que são seus, 5 cachorros que não conseguem adoção pela idade avançada ou por necessitarem de cuidados especiais, 5 cachorros que estão em lares temporários e, na sede da ONG Happy Family em Toyohashi, mais 8 cachorros estão a espera de um nova família. A Happy Family acolhe cachorros e faz o encaminhamento de gatos para outras instituições, quando necessário.

Segundo Sol Harada, além de gatos e cachorros, muitos outros animais são abandonados, como coelhos, cobras, aranhas, hamisters e até uma cabra já foi acolhida em sua casa. Essa cabra foi comprada por uma família em um Home Center para “aparar” a grama do quintal, mas algum tempo depois essa família precisou se mudar e não queriam mais o animal. Felizmente, uma família de japoneses adotou a cabra.

Em geral, os motivos alegados pelas famílias são sempre os mesmos: mudança de emprego e apartamento, gravidez, problemas alérgicos e asmáticos, separação de casais ou retorno para seu país de origem.

Nos períodos que antecedem feriados prolongados e próximo à entrada do verão, são as épocas em que os animaizinhos mais são descartados, pois muitas pessoas viajam e não querem levá-los, não têm com quem deixar ou não querem arcar com despesas de hotéis para cachorros.

Os animais descartados por suas famílias têm em média de 2 a 5 anos, mas existem exceções, como cachorros resgatados com idades avançadas entre 12 e 16 anos. Nessa faixa etária dificilmente consegue-se uma família para adotá-los.

Por isso, é preciso que haja uma conscientização das pessoas que querem adotar um animalzinho, levando em conta que eles, na sua grande maioria, vivem mais de 10 anos e que, nesse período, estamos sujeitos a inúmeras mudanças.

A protetora salienta que os abrigos mantidos por ONGs e lares temporários não são depósitos de animais, não há condições de acolher todos os cachorros abandonados. Além do espaço físico, todo cachorro resgatado precisa passar por uma avaliação de saúde, além de receber vacinas e ser feita a castração.

Esses animais terão que conviver com outros e esse convívio nem sempre é fácil. O recém-chegado precisa passar por um período de adaptação. Esses animais resgatados muitas vezes carregam traumas de agressões e do próprio abandono.

No caso das pessoas que preferem levar seu animal diretamente no Hokenjo (centro de zoonose), podem escolher entre duas opções: que o animal seja sacrificado ou que vá para adoção. Mas o animal, antes de ir para adoção, passa por uma avaliação do centro, para verificar suas condições e comportamento. Somente assim poderão ser encaminhados para adoção.

Passando nesta avaliação, os animais ficam disponíveis para adoação apenas por um mês. Depois desse período, eles são sacrificados nas câmaras de gás.

A pessoa que opta por deixar seu animal no Hokenjo, além de pagar uma taxa pelo serviço, assina um termo onde fica ciente de que o seu animal poderá ser sacrificado e não terá como se arrepender da decisão.

Cachorros quando recolhidos ao centro de zoonose do Japão, se não possuem identificação, são sacrificados em um prazo de três semanas. Aqueles que possuem algum tipo de identificação, têm seus donos imediatamente comunicados. Para retirar um animal do Hokenjo, é preciso provar que é o tutor legal e pagar as despesas de diária e alimentação, no momento da retirada.

Para adotar um animal diretamente no Hokenjo a pessoa precisa atender alguns requisitos:

  • 1. ter compreensão do idioma japonês, acima de 60%, para que não haja mal entendido;
  • 2. passar por uma entrevista e uma avaliação do local onde mora;
  • 3. comprometer-se, através de um termo assinado, que o animal ficará preso em uma corrente com no máximo 150cm;
  • 4. deverá pagar as despesas de estadia do animal, sendo ¥4000 a diária, mais alimentação, além da castração e vacinação.

Após a adoção, os responsáveis do Hokenjo farão visitas regulares durante seis meses. Cada residência pode adotar, no máximo, dez animais, mesmo que possua cadastro como ONGs.

Para se fazer uma adoção através da ONG Happy Family, a pessoa passa por uma avaliação e deve atender alguns pré-requisitos:

  • 1. ter autorização, por escrito, de que o imóvel onde reside permite animais;
  • 2. no caso de imóvel alugado, pagar a castração e o transporte que seja necessário;
  • 3. informar se existe alguém na residência que possui algum tipo de alergia ou doenças asmáticas;
  • 4. Nenhum cachorro adotado pode ser repassado para outra pessoa, mesmo que sejam familiares. Para isso, a pessoa interessada deve passar pelo mesma avaliação inicial.

Após a adoção é feito um acompanhamento por voluntários para verificar as condições do animal.

Para obter mais informações sobre adoções e como ajudar a instituição e os voluntários, acesse a fanpage da ONG Happy Family no facebook ou através do site.

https://www.facebook.com/ONG-Happy-family-228313087210463/

http://www.onghappyfamily.com/

A protetora Elen Tanaka da TNR Projeto Felinos Japan de Shizuoka desenvolve o trabalho voluntário de resgates e castração de gatos há 5 anos. Hoje, a TNR está com 25 gatos em sua sede e um gato que está em lar temporário.

A TNR captura gatos abandonados, faz a castração e os animais com comportamento dócil são recolhidos e colocados para adoção. Os gatos que apresentam comportamento mais selvagem e com dificuldade de adaptação social, são devolvidos aos seus locais de origem.

Gatos adultos são menos procurados para adoção, as pessoas geralmente querem filhotes. Cerca de 50% dos gatos acolhidos pela TNR conseguem um novo lar sendo a maioria filhotes.

Segundo protetora Elen, uma das maiores causas de abandonos de gatos, é o despreparo dos tutores. A maioria das pessoas acreditam que adotando um gatinho ainda filhote, poderá moldá-lo de acordo com suas vontades, mas diferente do cachorro, o gato possui muita personalidade. Outros fatores que influenciam são alergias que membros da família possam ter ou desenvolver e a proibição de imobiliárias para animais em seus imóveis.

Nos danchis que possuem grande concentração de estrangeiros, existem grandes colônias de gatos abandonados.

O Hokenjo (centro de zoonose) só recolhe gatos abandonados quando recebem alguma denúncia. Os gatos são considerados caçadores independentes e não sobrevivem muito tempo nas ruas por causa de doenças como leucemia e aids felina. Em geral, gatos de rua não sobrevivem mais que dois anos.

Para adotar um gato da TNR Projeto Felinos Japan, a pessoa passa por uma avaliação e é preciso obedecer alguns requisitos:

  • 1. apresentar comprovante de permissão de animais no imóvel;
  • 2. não ter crianças com menos de 10 anos na casa;
  • 3. no caso da adoção de filhotes é necessário pagar a castração; e
  • 4. durante 3 meses, voluntários da TNR acompanharão as condições do gato adotado.

Para saber mais sobre adoção de gatos e como ajudar a TNR Projeto Felinos Japan, acesse a fanpage no facebook e no site oficial

https://www.facebook.com/TNR-Projeto-Felinos-Japan-640846725965338/

http://www.projetofelinosjapan.com/