Sacrifício de animais provoca controvérsia

Há alguns anos, a carrocinha era o principal veículo de retirada de animais das ruas.

Eles eram levados para o centro de zoonose e depois de alguns dias, se o dono não aparecia, eram sacrificados. Isto mudou com a lei estadual 12916/08, que prevê a proibição do sacrifício de animais que estejam saudáveis e que não apresentem nenhuma doença infectocontagiosa.

Este assunto gera muitas controvérsias entre as entidades de proteção de animais e a opinião pública. A professora Ivone Marques Dias acredita que, com essa lei, a Prefeitura perdeu a autonomia de recolher os bichos e fazer seu controle. “Acabou com a liberdade de fazer a retirada e executá-los. Se eles estão soltos na rua, não é por culpa da Prefeitura. Os animais estão se multiplicando cada dia mais e transmitem inúmeras moléstias”.

Ivone diz que a Prefeitura deveria ter restituída a possibilidade de fazer o recolhimento dos animais. “O controle da população canina está de mãos atadas, pois a lei proíbe a Prefeitura de sacrificar o número de cachorros inconvenientes. Já fui agredida, meu filho tomou a vacina contra a raiva e meu marido, que é médico veterinário, foi contaminado. Estamos correndo risco na cidade”. Para ela, alguma medida para frear o aumento da superpopulação de cães e gatos deveria ser criada. “Tinham de devolver à Prefeitura o direito de recolher esses animais e dar fim nos que não têm dono, pois ficam esperando pelos donos, mas eles simplesmente não aparecem”.

O delegado da União Protetora de Animais, José Roberto de Almeida, afirma que o sacrifício de animais não abranda o problema de abandono, mas causa um efeito contrário. “A questão da morte não diminui a superpopulação, apenas a castração ajuda. Os animais só ficam mais fortalecidos porque existe mais comida, o que os deixa mais fortes e férteis. Isto já foi comprovado em vários países, como os Estados Unidos”.

Castração
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Mogi realiza em média 100 castrações por mês. Para realizar o procedimento, o dono do animal espera em torno de 60 a 90 dias e neste período frequenta palestras sobre posse responsável e cuidados com o pós e o pré-operatório.

Um dos motivos do aumento desordenado de abandono é a posse irresponsável, frisou o veterinário do CCZ, Jefferson Renan de Araújo Leite. “O número de cachorros de rua é pequeno. A grande maioria tem donos que dão livre acesso para eles ficarem na rua”, informou. A castração é relativamente simples. A fila de espera para fazer a cirurgia no CCZ é longa e leva em média dois ou três meses.

Ele afirmou que a castração é uma medida de controle populacional que deve ser aliada a outras atitudes para surtir efeito. “Uma posse responsável em que o animal tenha o acompanhamento de veterinário e seja bem tratado oferece uma vida mais longa, diferente dos que são abandonados, que têm vida mais curta”.

Hoje, o CCZ conta com 70 animais que em sua maioria foram recolhidos em áreas de risco. “Recebemos animais em fase terminal e somente esses podem passar pela eutanásia. Aqueles que recolhemos nas regiões de doenças ficam no centro e não podem ser doados e nem sair daqui. Não temos espaço para receber outros”.