Uso de animais é recurso padrão na diplomacia

A notícia de que o Presidente da Rússia Vladimir Putin deu de presente um terrier negro ao seu colega venezuelano, Hugo Chávez, ultrapassou as fronteiras dos dois países. Nas tradições de diversos povos, ofertar animais é uma prática comum na diplomacia desde épocas imemoriais, um sinal de bom tom e de autêntico respeito por parte do visitante em relação ao anfitrião. No Leste da Europa, por exemplo, os governantes mantêm o hábito histórico de dar cavalos em sinal de amizade, animais cujo valor pode ultrapassar centenas de milhares de dólares. Na Ásia, a China saiu na frente da chamada “diplomacia animal”, ofertando, há séculos, os famosos filhotes de ursos panda de valor inestimável.

A pergunta que muitos se fazem é a seguinte: por que foi adotada esta prática diplomática de ofertar animais? Quem responde é o cientista político Nikita Brusilovski. “Esta tradição remonta a épocas muito antigas, quando as relações de amizade entre os países eram estabelecidas mediante a troca de animais. É uma recordação das relações diplomáticas da antiguidade, da época em que a diplomacia apenas despontava na história da humanidade. Esta tradição continuou viva durante todo o século XX. Por exemplo, a melhoria das relações entre a União Soviética e os Estados Unidos se deu quando Nikita Khruschev ofereceu de presente à Jacqueline, esposa do Presidente John Kennedy as crias de Belka e Strelka, as duas cadelas que haviam sido mandadas ao espaço cósmico para experiências pioneiras na pesquisa espacial. Portanto, este modo de estabelecimento de relações era muito popular na história mundial e, como vemos, é popular também nos nossos dias.”

O cientista político Pavel Sviatenkov acrescenta que, neste caso, importa, tal como antes, o gesto pessoal, o sinal de respeito e de boa vontade de uma pessoa para outra ao oferecer animais. “Um presente diplomático deve ser ao mesmo tempo não muito caro, mas original, para que o beneficiado tenha vontade de conservá-lo durante toda a vida. Sob este ponto de vista, pode-se afirmar que os animais não são caros e ninguém pode acusar o beneficiado de corrupção. Além disto, surge a vontade de deixar este presente na família, especialmente se nela existem crianças pequenas. Por isso, os animais são um bom presente”. A presidente do clube Zoo Dianika, Diana Voitenko, assegura “as pessoas que dão ou recebem animais são muito mais humanas do que as que não os toleram.”

Para ilustrar o seu comentário, a criadora de animais cita um exemplo do próprio governo russo. “Sob o ponto de vista da afeição pelos animais, o Presidente Vladimir Putin é o governante mais humano, pois ele é recordista quanto à prática da troca de animais em forma de presentes. Por exemplo, em 2010, ele recebeu de presente do Primeiro-Ministro da Bulgária, Boiko Borissov, um filhote de pastor balcânico. Este ano, ele ganhou outro presente vivo, um cachorro da raça akita-inu, oferecido pelas autoridades da cidade japonesa de Akita para retribuir a ajuda prestada pela Rússia depois do tsunami de março de 2011. O líder russo retribuiu dando aos japoneses um gato siberiano. Segundo informações da mídia russa, durante muitos anos, Putin tem mantido em sua casa um verdadeiro jardim zoológico. Já recebeu de presente cavalos árabes, um pônei, uma cabra, vários cães e, até mesmo, um crocodilo. Quanto a este último, Putin recebeu o réptil, há 10 anos, do Presidente da Moldávia, Vladimir Voronin, que acompanhou o presente com estas palavras: “O crocodilo é único animal que não vira para trás”.

Ainda de acordo com a imprensa russa, o Presidente Vladimir Putin entrega vários animais que ganha aos jardins zoológicos russos enquanto que alguns outros, os mais domésticos, são mantidos em suas residências.

Fonte: Diário da Rússia