Agility ajuda a conhecer melhor o cão

Com o objetivo de divertir o cão e melhorar o relacionamento com o dono, tem crescido a prática de agility – modalidade esportiva que surgiu em 1978 na Inglaterra com o intuito de distrair o público nas exposições de cães.

No Brasil, o esporte existe há 17 anos e possui cerca de 20 escolas, sendo três no Grande ABC. O preço varia entre R$ 90 a R$ 150. “O cão que faz agility se torna mais sociável com outros cachorros e pessoas. É bom para a saúde física e mental do dono. É preciso boa movimentação e coordenação para que a dupla realize bem o percurso”, explica Henrique Garcia, coordenador da CBA (Comissão Brasileira de Agility).

Para começar a praticar a modalidade é preciso treinar obediência para depois o animal aprender comandos básicos.

O esporte para os atletas de quatro patas é parecido com o hipismo, em que o cavalo tem de ser ágil e ter coordenação para completar o percurso no menor tempo e sem cometer erro durante a transposição dos obstáculos. O condutor não pode encostar no cão nem ter nada nas mãos para atrair sua atenção, nem petiscos como recompensa.

O adestrador e comportamentalista animal do Clube Pet Memorial, em São Bernardo, Rodrigo Marques, 27, explica que o cão gosta e faz com prazer o esporte. “É ideal para animais hiperativos, porque o gasto de energia é grande”, justifica.

“O esporte é dividido em três categorias, de acordo com o porte do animal. Qualquer raça pode praticar e a partir dos seis meses de idade o treino já pode ser iniciado”, diz Samir Abu Laila, treinador, condutor e bicampeão mundial de agility. Na prova, o cão sem guia tem de passar por 15 a 20 obstáculos – ziguezagues entre estacas, salto sobre rampas, travessia em passarelas e túneis.

Existe um calendário nacional de competições que acontecem tanto no País quanto no Exterior, como o Campeonato Américas e Caribes, que foi realizado no Chile. Ano passado, esse campeonato aconteceu no Clube Pet Memorial, em São Bernardo. Ainda não há nenhuma prova programada para a região neste ano.

Animais mudam de comportamento

O comportamento de Apolo, border collie (raça mais premiada pela agilidade e capacidade de aprendizado nas provas de agility) de 1 ano, e Brisa, labrador, de 1 ano e 3 meses, mudou depois de um mês da prática do esporte. “Peguei os dois ainda filhotes e eram terríveis. Eles cavavam a parede, fugiam de casa, atacavam outros cães”, relata a estudante de veterinária Renata Stipp, 22, de São Bernardo, que pretende participar de competições.

Ela descobriu a modalidade na universidade e não pensou duas vezes em procurar um local. “O relacionamento melhorou muito. Estão mais obedientes, porque a Brisa era praticamente o Marley do filme”, relembra.

Quem também comemora o resultado do agility é a veterinária de São Bernardo Fernanda Cristiane Delinger Ferreira, 23. dona da Nina, maltês de 3 anos. “Ela tinha medo de outros cães e agora convive numa boa”, explica. “Quando chegamos em casa após o treino, a Nina só quer saber de dormir para recuperar as energias.”

Veterinários apoiam a prática, mas alertam para cuidados

Para os veterinários, o agility é um esporte que só traz benefícios para os cães. “Só de você tirar o animal de casa e fazer uma atividade é muito saudável. O cão vai ficar mais social e a mudança no comportamento é imediata”, diz Tânia Parra Fernandes, veterinária da Universidade Metodista.

Mas os especialistas alertam os donos. “Antes de iniciar, é preciso passar pelo veterinário e checar se está tudo bem. A visita deve ser feita a cada seis meses”, explica Tânia. A carteira de vacinação também tem de estar em dia. ” Como o local é frequentando por muitos cães, é preciso que esteja tudo em ordem. Dieta balanceada é fundamental por causa do gasto de energia”, acrescenta.

O veterinário da Unesp de Jaboticabal Aparecido Antonio Camacho ressalta que o dono deve se instruir sobre o que é a modalidade, os benefícios e malefícios e escolher um bom local. “A prática se torna ruim quando é mal orientada ou quando o animal apresenta problema cardíaco, respiratório ou ósseo”, diz.

Canil da GCM de São Caetano se apresenta em escolas

A GCM (Guarda Civil Municipal) de São Caetano utiliza o agility para condicionar os cães para as ações durante o trabalho e para mostrar as habilidades em eventos realizados em escolas da cidade. Primeiro é feito o treino de obediência em que cada GCM ensina ao seu cão os comandos básicos. Em seguida, começa a prática com obstáculos.

Em média é feita uma apresentação por mês. “Dependendo do local, levamos alguns ou todos os cães, que são nove. O show dura de 40 a 60 minutos”, explica o GCM José Hoft, 48 anos, encarregado do Canil de São Caetano, que chega a fazer apresentações todos os dias em outubro, mês da Criança.

“O cão mais apto para fazer agility é o Aron (pastor alemão). Ele tem cinco anos e é um dos mais antigos do Canil. As crianças se divertem e participam”, diz Hoft. Eles também participam de eventos da Prefeitura de São Caetano e da ação social do Diário do Grande ABC nos Bairros.

Pai e filha ganharam mais de 20 medalhas em competições

O gosto pela prática de agility está no sangue da família da química Meire Sophia de Oliveira Lima, 38 anos, de Santo André, que ganhou mais de 20 medalhas, entre elas nos campeonatos Paulista e Brasileiro.

Ela sempre gostou de cachorro e há cinco anos começou a treinar Núbia, pastor alemão, 5 anos, ainda filhote. “Ela era brava, pulava nas pessoas e resolvi procurar uma escola para treinar obediência e descobri o agility”, revela Meire. “Ela acabou se divertindo e mudou o comportamento. Comecei a participar das competições, mas queria um cão mais ágil e competitivo, Por isso, após três anos, passei ela para o meu pai”, diz a química que treina com Pyatã, um border collie, de um ano e meio.

O engenheiro Aloísio José de Oliveira Lima, 67, começou a se interessar e já compete há um ano e meio. “Por conta do esporte tive de dar atenção ao problema do meu joelho, fiz operação, fisioterapia e estou curado”, diz o engenheiro, que acredita ser uma atividade social para os donos.