A bióloga Julie Young e mais quatro cientistas afirmam que cães soltos representam uma ameaça à vida selvagem, especialmente as espécies em risco de extinção.
A introdução de animais não nativos em um ecossistema coloca-o em perigo, mas até então os cães não eram vistos sob esse mesmo prisma.
“Temos a tendência de negligenciar o impacto dos cães na vida selvagem porque os vemos como nossos companheiros”, diz Young, coautora do estudo publicado no jornal “BioScience”.
A bióloga cita um exemplo no estado norte-americano de Idaho, onde a presença de cães soltos diminuiu a população de veados. No Colorado, outro estudo indica que linces estão se distanciando de suas trilhas, que passaram a ser usadas por humanos e seus cachorros de estimação.
Na reserva de Navajo, no Arizona, os cães perseguem o gado local e reduzem o número de pequenos mamíferos como os coelhos, além de disseminar doenças entre animais e seres humanos.
A questão chamou a atenção de Young quando ela estudava três espécies ameaçadas de extinção na Ásia Central: carneiro selvagem, gazelas e antílopes.
A taxa significativa de ferimentos e morte desses animais por cães soltos fez com que a bióloga e seus colegas estudassem a situação como se fosse um fenômeno mundial.
Eles descobriram que os cães, estimados em 500 milhões no mundo todo, podem causar mais danos aos animais selvagens e ao gado do que os lobos e outros predadores.
Young cita um estudo que concluiu que cães soltos provocaram uma série de mortes de gado nas montanhas bascas entre a Espanha e a França. Por meio de testes genéticos, ficou provado que os cães, e não os lobos, causaram o problema.