Castração: prós, contras e mitos

O que não falta são recomendações e campanhas referentes à castração de caninos. Mas também não faltam certas indagações. A castração é mesmo necessária? Para todos os cães? Há contra-indicações? Boas perguntas – e aqui estão boas respostas.

Afinal, o que é castração?
castraA castração nada mais é que a extração dos testículos – de cães, seres humanos, bois e outros bichos – por meio de cirurgia, e pode ter várias finalidades, como remover doenças nos testículos e próstata, zerar a possibilidade de gravidez indesejada, reduzir a atividade sexual, a agressividade e a impetuosidade. Os testículos, além de esperma, produzem testosterona, o famoso hormônio que comanda o ímpeto sexual e a agressividade dos machos (daí o uso do verbo “castrar” como sinônimo de censurar e reprimir.

Além de se tornarem menos impetuosos, cães castrados exalam menos “cheiro de macho” e, portanto, são menos vulneráveis à agressão territorial de outros caninos.

Vale lembrar que há dois tipos de agressividade canina. Um é o que leva o peludo a se posicionar, marcando território e se defendendo contra estranhos. Esta, quando exagerada, pode ser minimizada com a castração. O outro, o mais perigoso, é causado pelo medo e tem como melhor remédio o treinamento e a socialização.


Quando e como castrar

O canino pode ser castrado em qualquer idade, mas a melhor é bem cedo, dos seis a dezoito meses de idade. Esse é o período aproximado da “adolescência”, quando o peludo descobre o prazer sexual (além do “prazer solitário” de se esfregar em almofadas, pernas humanas ou o que mais aparecer). E é quando é menor a possibilidade de ele desenvolver tumores de próstata e hábitos agressivos como marcar território.

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O bicho, após um exame médico geral (inclusive quanto a sensibilidade a anestésicos), recebe anestesia geral, e normalmente não precisa permanecer no hospital, voltando para casa logo após a cirurgia – que dura cerca de meia hora. Há poucos riscos pós-operatórios, como a vontade de ele lamber ou morder o local operado ou sair correndo e estourar os pontos. O canino pode precisar usar aqueles colares altos que o deixam parecendo um “abajur”, para evitar que ele mastigue o local operado. É bom evitar que ele se agite muito e verificar se há ruptura ou sangramento nos primeiros cinco dias após a cirurgia. O retorno ao veterinário para a retirada dos pontos costuma ser após sete a dez dias.
Nunca é demais lembrar: a castração não é reversível, e o peludo castrado não poderá mais gerar peludinhos. Cuidado com veterinários baratinhos cujo serviço pode sair caro, mas castrações gratuitas ou a preços baixos promovidas pelas prefeituras ou ONGs dedicadas a animais são um bom negócio.

Mitos da castração
A importante prática da castração costuma motivar mal-entendidos e equívocos; vamos comentar os mais comuns, na esperança de que se tornem cada vez menos comuns.

“Todo cão deve ser castrado”
Obviamente, caninos “empregados” como reprodutores, ou cujos donos queiram “constituir família”, não devem ou necessitam ser castrados. Afinal de contas, se todos fossem castrados a raça canina acabaria desaparecendo.

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“Cães de guarda não devem ser castrados para não perderem a coragem e disposição de exercer a função”
Nada disso. A castração não muda o caráter do animal. Dobermans, Pastores Alemães e outros eméritos cães de guarda, ao serem castrados, podem tornar-se menos dominantes, mas não deixam de ter “culhões” para desempenharem sua função de guardas bravios e ferozes quando necessário – inclusive muitos criadores destas raças oferecem a opção de filhotes já castrados.

“A castração resolve todos os problemas de temperamento canino”
Não! A castração não substitui a socialização ou o adestramento, apenas os complementa, e não deve ser interpretada como “fórmula mágica” ou “penúltimo recurso” (antes do sacrifício) para cães muito agressivos (no sentido de anti-sociais) ou Dons Juans peludos.

“Castração faz engordar”
O que engorda não é a castração em si, e sim o aumento de apetite e consequente excesso alimentar que podem advir, além da preguiça e menos atividade em peludos mais pacatos.

“Cães castrados são mais difíceis de treinar.”
Na verdade, a tendência é eles ficarem mais dóceis, menos agressivos e menos dispersivos.

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“A castração é prática anti-natural”
Já não basta os seres humanos terem de ouvir que usar preservativo é pecado? Anti-natural é adotar um cão e não lhe dar a atenção e conforto devidos!

“Cães castrados param de levantar a perna para fazer xixi”
Isso depende da idade do cão ao ser castrado e se ele ainda não havia começado a erguer a perna – ou seja, fazer xixi em locais os mais altos possíveis para marcar o máximo de território.

Enfim, castrar ou não o peludo é uma decisão que cabe ao dono, e deve ser pensada de acordo com todas as circunstâncias, da idade do bicho à presença e temperamentos de outros cães. O importante é não “castrar” a felicidade e bem-estar do canino e de quem convive com ele.