Distúrbios: Terapia pode ser indicada para cães

Origem do mal, segundo especialistas, são os próprios donos; pequenas atitudes que passam despercebidas podem ser nocivas.

Falta de atividade física, longos períodos de solidão, mimos em excesso e até a ausência de uma figura de liderança em casa são sintomas comuns na rotina de qualquer pet, mas eles podem traumatizar seu cão. Latidos excessivos, fobias, depressão, e síndromes como a Síndrome de Ansiedade de Separação (SAS) requerem tratamento com terapia. Para os cães, porém, terapia nada tem a ver com divã.

No hotel para pets Planet Dog Resort, no Brooklin, zona sul de São Paulo, por exemplo, cachorros que enfrentam algum tipo de distúrbio são tratados em uma grande área livre, com playground e piscina, onde são acompanhados por monitores treinados. A terapia acontece inclusive durante as refeições. Lá, aliás, a hora de comer é regrada: nada de avançar no pote do outro. Cada um espera pacientemente até que seu pote seja enchido – um grande feito, como quem tem cães em casa pode concordar.

[quote]A origem desses distúrbios, alertam os especialistas, são os próprios donos.[/quote] Pequenas atitudes no dia a dia que passam despercebidas podem ser muito nocivas à saúde mental do seu pet. Ao permitir que o cão ande à frente durante o passeio, por exemplo, você o deixa numa posição de comando, e o incentiva a tornar-se desobediente. Daniela Graziani, terapeuta canina, explica que o cão sempre procura uma figura mais forte em seu ambiente, que ele associe à liderança da matilha. Para o dono, porém, o cão é um amigo, às vezes um filho a ser mimado, numa relação igualitária – e confusa para seu cachorro.

“Se o cão não vê o dono como líder, ele vai assumir esse papel”, diz a terapeuta. Esse é o estopim para um comportamento abusivo, hiperativo e muitas vezes até agressivo.

A situação inversa também é problemática, quando o cão perde toda a autonomia. Esse foi um problemão para Sophia Afonso, 25 anos, já que Vicky, sua Golden Retriever de sete meses, tinha fobia de outros animais, até mesmo cães de menor porte do que ela. Um passeio na rua, então, virava uma fuga descontrolada ao primeiro latido. Há cerca de dois meses, Vicky passou a se tratar e, hoje, já interage com seus pares. Ronaldo Novoa, adestrador e terapeuta canino, lembra que o comportamento do dono deve ser exemplo para o animal, também na hora de enfrentar medos. Então, em vez de aceitar que o pet tem medo de trovão ou tentar niná-lo, o certo é mostrar que não há o que temer. Outro fator importante para manter o equilíbrio na relação com seu pet tem a ver com o gasto de energia do animal. Atividades físicas frequentes são eficientes para amenizar transtornos, como agitação e agressividade.