Doenças freqüentes em cães que podem ser protegidas através da vacinação

Constantemente em nosso atendimento clínico nos deparamos com situações lamentáveis, de cães que são acometidos de doenças que poderiam ter sido prevenidas através de uma simples vacinação.

Além do sofrimento do animal, os proprietários também sofrem e de certa forma sentem-se arrependidos por seu cão não ter sido vacinado quando deveria e ficam na expectativa de uma recuperação que nem sempre ocorre.

Outro fator importante de ser lembrado é que um tratamento intensivo sempre é mais dispendioso do que uma prevenção. E pior ainda, apesar do tratamento e de todos cuidados necessários, nem sempre o final é feliz.

Observa-se na prática que aqueles proprietários que tiveram a sorte de conseguir salvar seu cão de estimação de graves doenças infecto-contagiosas protegidas pela vacinação com tratamento, tais como uma parvovirose ou uma cinomose, por exemplo, nunca mais se esquecerão dessa desagradável experiência e a partir de então procurarão vacinar seus animais regularmente. Porém, muitos ainda arriscam e freqüentemente pecam por essa simples falta de informação.

Convém salientar para que não haja mal-entendidos, que não existe nenhuma vacina que proteja completamente um animal. Quando melhor a qualidade da vacina, condições de conservação, validade etc., e quanto mais saudável e bem tratado estiver o cão que vai ser vacinado, melhor a resposta imune produzida pela vacinação.

Esta matéria, portanto, tem o intuito de reforçar e esclarecer todos os proprietários de cães sobre a importância da vacinação regular, bem como uma explicação sucinta sobre as doenças que estas vacinas protegem e os principais sintomas a elas relacionados.

Para os cães, as vacinas consideradas essenciais, ou seja, aquelas vacinas básicas e que não devem deixar de ser aplicadas, são as vacinas Óctupla ou Décupla e a vacina Anti-rábica.

A diferença entre a vacina Óctupla e a Décupla é que a Óctupla apresenta proteção para dois sorogrupos de leptospiroses e a Décupla apresenta proteção para quatro sorogrupos de leptospiroses. Ambas vacinas, no entanto, protegem contra as seguintes doenças:

– Cinomose – Muito comum entre os cães, doença freqüentemente mortal e é causada por um vírus. A transmissão ocorre por contato direto com o animal doente ou secreções nasais e da boca. É mais freqüente no inverno. Sintomas: digestivos: vômitos e diarréia; respiratórios: secreção nasal e ocular e nervosos: incoordenação motora, tiques nervosos, paralisias e convulsões.

– Parvovirose – É causada por um vírus e é uma das principais causas de óbito em filhotes com menos de um ano de idade. Sintomas: provoca uma enterite muito intensa com sangue e odor extremamente fétido; vômitos, apatia, inapetência.

– Leptospiroses – Esta doença provoca alto índice de mortalidade e é considerada uma zoonose (doença que os animais podem transmitir aos seres humanos). É causada por uma bactéria que apresenta várias linhagens patogênicas ou sorogrupos e a transmissão se dá pelo contato direto com o animal doente ou pela ingestão de alimentos, água e urina contaminados. Vários animais podem funcionar como reservatório da leptospirose sendo os ratos muito importantes no processo de transmissão. Sintomas: hemorragia, icterícia, febre, inapetência, vômitos e urina de coloração amarronzada.

– Coronavirose – doença muito semelhante a parvovirose, porém com sintomas menos intensos, mas também com potencial de levar o cão a óbito.

– Hepatite infecciosa – Doença provocada por vírus e transmitida pelo contato direto com o animal doente e por secreções orais e nasais. Sintomas: diarréia, febre, vômitos, dor abdominal e lesão ocular.

– Doença respiratória – Causada por vírus e altamente contagiosa, é transmitida por secreções nasais e pelo contato direto com animais doentes. Sintomas: coriza, tosse, espirros, febre e inapetência.

– Parainfluenza – Transmitida por vírus e também muito contagiosa, é transmitida por via aérea e apresenta sintomas de gripe dos cães. Sintomas: coriza, tosse e espirros.

Todas estas doenças acima são protegidas pelas vacinas Óctupla ou Décupla.

– Raiva – Doença transmitida por vírus e é de extrema importância, pois além de ser também uma zoonose, portanto transmissível do animal para o homem, é uma doença incurável depois de adquirida. Apesar da raiva já ser bem conhecida e divulgada devido sua periculosidade, sempre é bom lembrar da importância da vacinação Anti-rábica anual. O Centro de Controle de Zoonoses todos os anos realiza gratuitamente vacinação Anti-rábica no mês de agosto. Sintomas: variados, mas basicamente divididos em 3 grupos: raiva furiosa, em que os cães mostram-se extremamente agressivos; raiva paralítica, os cães inicialmente apresentam uma marcha trôpega até culminar com paralisia mandibular, dos membros anteriores e posteriores e finalmente raiva muda ou atípica, a menos comum, porém a de mais difícil de diagnóstico, pois o cão muda apenas discretamente seus hábitos, não atende o chamado do dono, come pouco, fica quieto num canto e no final tende a se tornar semelhante à forma agressiva.

Nenhuma vacinação deve ser feita antes de um exame clínico prévio do paciente. Além disso, para que uma vacinação seja bem sucedida, ela deve ser sempre orientada e programada por um veterinário.

Os filhotes de cães devem iniciar a vacinação a partir de 8 semanas de idade, com 3 doses de reforço da vacina Óctupla ou Décupla e um intervalo de 3 a 4 semanas entre as vacinas. A vacinação Anti-rábica é a última a ser tomada, sem necessidade de reforço.

Os cães adultos devem ser vacinados anualmente, com apenas uma dose da vacina Óctupla ou Décupla, e a vacina Anti-rábica. As duas vacinas podem ser aplicadas no mesmo dia. Como nenhuma vacina tem a eficácia de proteger os cães por toda sua vida, estas vacinas devem ser repetidas todos os anos.

Necessariamente para todo cão vacinado será feita uma Carteirinha de Vacinação emitida pelo veterinário responsável, na qual constará os dados completos do cão, do proprietário, da vacina utilizada (etiquetas adesivas), datas da vacinação e do próximo retorno e finalmente assinatura e carimbo do veterinário.

Fonte: www.policlinicaveterinaria.com.br