Por que não consigo treinar meu cachorro?

petrede-como-adestrar-meu-cachorro

Se você não consegue treinar seu cachorro para produzir truques, fazer as necessidades no lugar certo, entre outras coisas, não se preocupe, pois você não está sozinho. Muita gente enfrenta o mesmo problema. Treinar o cãozinho de outra pessoa é até mais fácil do que treinar o seu próprio cão, por um simples motivo: seu cachorro conhece muito bem você e usará todos os artifício e olhares para fazer você desistir ou mudar de ideia sobre impor ou ensiná-lo a fazer algo que não queira.

Os cães são peritos em treinar seus donos através de várias técnicas. A mais utilizada por eles é vencer pelo cansaço. Como assim? Seu cachorro simplesmente vai fazer alguma coisa insistentemente até que você se dará por vencido e irá ceder ao que ele quiser. Esse tipo de situação é muito usado por eles na hora da comida: olhar fixamente ou ficar resmungando até virar um latido estridente. Quando você não suporta mais, oferece a ele uma guloseima em troca do silêncio.

Outra técnica muito utilizada principalmente pelos pequenos é o golpe do olhar. Você vai sair e não irá levá-lo, então seu cachorrinho fica todo eufórico achando que vai também. Você se vira e diz com todo remorso do mundo que ele não vai. Pronto! O pobrezinho põe seu rabinho entre as pernas e vai para um cantinho e fica te olhando com aqueles olhinhos, e isso basta para te encher de culpa e achar um jeito de levá-lo com você. Sempre que ele for contrariado, vai valer-se desse truque infalível para tudo que ele quiser, afinal ele descobriu o quanto você tem o coração mole.

Esses e muitos outros recursos são utilizados sem remorso por esses danadinhos. Eles sabem como nos manipular através da observação e persistência, como diz o ditado “Quem não chora não mama”. Já sabemos que os peludos são astutos, mas como treiná-los com bons resultados? As armas serão praticamente as mesmas: primeiro – muita observação, afinal é muito importante conhecer bem as particularidades do nosso novo “aluno”, como, por exemplo, aquilo de que ele gosta, se é muito alegre ou muito concentrado, se gosta mais de brinquedos ou de comida, se é muito distraído ou muito sensível, e por aí vai. Conhecendo bem nosso pupilo, vamos agora analisar em quais situações ele poderá servir-se de suas armas secretas. Devemos ficar atentos a elas, e depois vamos fazer um plano para ensinar o que queremos para o nosso “aluno”.

Tudo planejado, devemos começar a ensinar os exercícios. Ao contrário do que muitos dizem, para mim não existe ordem de qual exercícios ensinar. Nunca devemos pular um exercício antes que seu cão o aprenda de forma a executá-lo com apenas uma ou duas repetições do comando dado. Se for ensinar o exercício de sentar, você só deve ensiná-lo a dar a patinha ou deitar depois que seu cachorro estiver sentando toda vez que você pedir para que ele o faça, sem gritar ou ficar feito doido repetindo a frase “Senta, senta, senta, senta”. Seu cachorro deve obedecê-lo assim que você pedir com no máximo uma ou duas ordens. Gritar com seu cachorro é sinal de descontrole, afinal ele escuta muito melhor que você. Se ele não está te obedecendo, pode estar muito distraído ou realmente está fazendo pouco caso de você. Se isso acontecer, você terá que usar os mesmo artifícios que ele usaria com você, mas com mais acessórios. Se na análise feita você descobriu que ele gosta de petisco, consiga um muito gostoso e com cheiro forte, tais como: fígado cozido – esse nunca falha. Se ele gosta muito de brincar, pegue aquele brinquedinho que ele ama, e nos dois casos só entregue a ele quando o exercício pedido for executado, mas lembre-se: seja como ele – ganhe pelo cansaço. Ele tentará, de todas as formas, ganhar o que você oferece sem fazer o que você pediu.

Outra coisa importante: nunca perca a paciência com seu “aluno”, pois ele está aprendendo e quando estiver pronto e entender bem o que você quer dele, irá fazer até quando você não mandar para ganhar algo. As aulas não devem durar muito tempo, assim como a gente era na escola. Algumas aulas são um porre. Devemos deixá-la muito divertida para nosso “aluno”, senão ele perderá o interesse, e aí você não vai conseguir nada.

Quando seu “aluno” não fizer algo certo, somente o ignore. Jamais use a força! Isso poderá, além de não ensiná-lo nada, causar traumas irreversíveis. Lembre-se DE que se o seu pupilo não está fazendo certo um exercício, você não está passando para ele o que deseja que ele faça. Por isso, a paciência éuma qualidade indispensável nesse processo. Pense sempre que seu cão não está errando o exercício pedido, mas você não está se fazendo entender. Sempre que não obtiver um bom resultado, pare,brinque com seu “aluno”, faça desse tempo um momento mágico, firme as relações entre vocês, e retome a aula no dia seguinte sem fazer disso um martírio para seu “aluno”.

Todo treinamento precisa ser feito de forma prazerosa, tanto para você quanto para seu pupilo. Se não tiver muito tempo, é melhor contratar um bom profissional. Com certeza você terá um ótimo esultado. Lembre-se: ensine para seu cão somente aquilo que vai utilizar no dia a dia e que irá melhorar seu relacionamento com seu amigão. Não faça das aulas uma tortura, afinal ninguém aprende sob ameaças e violência. Seu cão deve obedecê-lo por gostar de você, não por temê-lo. Seja amigo do seu cão e não o torne um robô sem personalidade para impressionar amigos e as visitas.

Jorge Pereira é cinotécnico e etólogo, especializado em comportamento canino.