Tome cuidado antes de tingir o pelo do seu cão

A convivência entre homens e cães se tornou tão estreita que há quem diga que esses bichos domesticados há milhares de anos têm sido humanizados.

Tingir o pelo do cachorro, por exemplo, pode ser visto como uma brincadeira divertida ou como um absurdo – depende do ponto de vista de cada um.

Geisy Arruda é da linha de quem curte a ideia de pintar a pelagem da mascote. A ex-peoa resolveu deixar seu poodle – com quem deve contracenar em um programa na televisão cearense – cor de rosa.

A atitude da loira não foi aprovada pelos internautas. Mais de 63% dos leitores do R7, que participaram de uma enquete, detestaram a decisão de Geisy.

Na verdade, segundo especialistas ouvidos pelo R7, é difícil definir se essa atitude faz bem ou mal para o bicho. Caso os produtos usados na tintura não sejam indicados para cães, há risco até mesmo de morte.

Mas, se todos os cuidados necessários forem tomados e o animal tenha uma personalidade mais “desinibida”, a graça não só não faz mal à saúde como pode animá-lo.

Segundo o zootecnista Alexandre Rossi, o Dr. Pet, cachorros não percebem as cores da mesma forma que humanos, por isso, podem não dar muita bola para a transformação estética.

– Em relação ao estado psicológico do animal, é preciso saber que certos cães estão mais acostumados a procedimentos estéticos como tosa e tintura. Se for o caso, até podem entender aquilo como carinho e atenção. Por outro lado, tem cachorro que não gosta de ficar paradinho, prefere ficar brincando. Depende do temperamento.

Para esses animais, o olfato, a audição e o paladar têm importância maior, explica o veterinário José Manuel Mourino, da clínica Pet Place.

– Teoricamente, segundo o que nós conhecemos sobre cães, a mudança de cor não seria tão desconfortável. É diferente de passar um perfume. Com certeza o deixará muito mais incomodado.

Dr. Pet também avisa que alguns animais acabarão se irritando com a reação das pessoas ao verem-no diferentes.

– Apesar de não darem tanta bola para a mudança de cor do próprio pelo, eles ficam ligados no modo como nós nos comportamos ao seu lado. É comum, por exemplo, um cachorro ficar “com vergonha” quando tosado. Isso está associado a um animal mais inseguro, que se sente mais frágil com mudanças. Ele se sente, vamos dizer assim, estranho. É importante levar em consideração como os outros vão se comportar em relação ao cachorro. Isso pode mudar a percepção dele em relação ao mundo. Para o bem ou não.

Para não correr o risco de desagradar ao pet com a mudança, a dica do zootecnista é ir devagar com a transformação. O melhor é ir percebendo a reação do bichinho.

O produto certo no cachorro certo
Luciana Oliveira, que há 25 anos cria poodles gigantes e participa de competições de animais, afirma que o principal cuidado é com a escolha do produto a ser usado.

– Qualquer tintura à base de amônia faz mal ao animal, pois essa substância cai na corrente sanguínea e afeta o sistema neurológico. Há possibilidade até de morte. Devem ser usados apenas produtos naturais, como a anilina, que é empregada não só para esse fim, mas também na coloração de bolos de festa. Não aconselho nem a henna em bichos.

Outros problemas que podem ocorrer durante o tingimento com produtos inadequados, explica a criadora, são a contaminação nos olhos e o envenenamento (caso o bicho engula a substância ou a inspire).

Por fim, antes de sair pintando seu pet com o produto indicado, é imprescindível fazer um teste para descobrir uma possível alergia à tintura – mesmo que ela seja testada e aprovada em animais, avisa Luciana.

– O correto é pincelar o produto a ser usado na parte de trás da coxa do cachorro e deixar agindo por 24 horas. Sem lavar nem enxaguar. Caso não haja nenhuma reação estranha, a tintura está liberada.

Segundo a especialista em estética canina, as raças mais indicadas para a transformação são as que possuem temperamento dócil e pelo cacheado.

– Poodles são perfeitos para isso. Eles ficam “se sentindo”.

Fonte: R7