Gato recebia dinheiro do Bolsa Família

Em Campo Grande agente de saúde foi pesar a ‘criança’ beneficiária e descobriu a fraude.

A inclusão social do Bolsa Família beneficia até bicho de estimação no interior do Mato Grosso do Sul. O gato Billy, de 4 anos de idade, recebeu R$ 102 por mês até dezembro. A renda cidadã do felino só acabou porque, para cumprir a rotina de pesagem da suposta criança, o agente de saúde Almiro dos Reis bateu à porta da família e, ao chamar pelo nome de Billy Flores da Rosa, foi surpreendido pela resposta: “Billy é meu gatinho”.

Sem saber da fraude, a mulher do coordenador do Bolsa Família no município de Antônio João ‘entregou’ o marido. O servidor Eurico Siqueira Rosa, responsável pelo programa na cidade, inscreveu o gato como beneficiário do Bolsa Família. Eurico admitiu a irregularidade e foi exonerado. Responderá por improbidade administrativa e, se condenado, terá que devolver aos cofres públicos a quantia desviada.

Eurico não foi encontrado para prestar esclarecimentos. Em sua página pessoal do Orkut, ele se descreve como “uma pessoa normal que não liga para o que as pessoas pensam ou a sociedade acha ser correto”. Entre as comunidades das quais participa, estão “Eu odeio o Bolsa Família” e “Se ninguém viu, eu não fiz”.

Ele ainda tentou driblar a fiscalização trocando o nome de Billy pelo de crianças, mas manteve o número de identificação social. “Depois da denúncia, pedimos vários documentos, mas ele nunca fornecia. Há três crianças além do Billy com o mesmo número de registro. Além disso, outra criança que existe, mas não é filho do casal, também recebe o benefício”, afirma a secretária de Assistência Social de Antônio João, Neuza Carilho Modesto.

Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social, as 917 famílias que recebem o benefício no município Antônio João terão de passar por recadastramento. O fato foi identificado em novembro, e o benefício do gato foi cancelado foi em dezembro. O Ministério Público do estado apura a fraude.