Com quase 9 anos parte o meu companheirinho Pingo

Bem antes da PetRede ser imaginada eu já tinha o Pingo, comprei ele assim que descobri que existiam calopsitas, demorei um tempo pra decorar esse nome, eu associava a palavra “calo” tipo de pé com o Didi dos Trapalhões, que fala “ô psit”, coisas da minha cabeça…

Então conheci o fascinante mundo das “calo psit”, vi uma a primeira vez num petshop perto de casa, a gaiola aberta e elas sassaricando pra lá e pra cá, soltas, eu precisava ter uma!

Comecei a pesquisar e fui parar no Aquário de São Miguel, onde encontrei o Pingo, levei ele pra casa com todos os acessórios que ele tinha direito, chegando em casa descobri que não são todas as calopsitas que são mansas, então pesquisei sobre a vida dessas aves tão lindas, descobri que elas tem a capacidade de interação e de aprender, que se apegam ao dono e muitas outras coisas, mas o Pingo era totalmente arisco, porém eu queria que ele viesse no meu dedo pelo menos, comecei o treinamento, colocava a gaiola num banquinho ao lado do sofá e ficava com a mão em cima da gaiola, no começo ele ficava grudado no chão com o olhão na minha mão, desconfiança total, depois ele começava a circular normalmente, então eu ia aproximando a minha mão até que num belo dia que eu estava com a minha mão dentro da gaiola ele vinha e passava correndo por cima dela, daqui a pouco voltava, até que de repente ele parou em cima do meu dedo, chamei minha esposa bem baixinho para ela ver como eu havia domado aquela ferinha, pois nesse processo que durou um mês tomei muitas bicadas, muitas mesmo, minha mão estava toda machucada, mas eu estava decidido a amansar o Pingo, então cuidadosamente puxei a mão de dentro da gaiola com ele em cima, que alegria, fui fazer um carinho nele e adivinha, nova bicada, mais um furo no dedo, muita dor, lágrimas nos olhos, mas eu não podia ter nenhuma reação para não assustar ele.

Foi um aprendizado dolorido, mas em poucos meses o Pingo já vinha no meu dedo, pegava comida na minha mão e começava a responder os meus assobios, claro que ele só vinha comigo, qualquer outra pessoa que tentasse chegar perto era bicada na certa, daquelas dele ficar grudado.

Pingo-Tops-eu

Ele não deixava eu dar carinho voluntariamente, sempre abria o bico dizendo “vem com esse carinho que eu te bico!”, mas eu pegava ele com as duas mão, e começava a coçar o topete e depois as bochechas, aí ele desmontava, virava os olhinhos.

Eu e a minha esposa tivemos ótimos momentos ao lado dele.

A família de penas cresceu com o tempo, comprei, troquei e ganhei outras depois, mas o Pingo era o patriarca, o pai da família, quem sentava na ponta da mesa.

Foram muitas histórias e momentos felizes ao lado dele, quando a PetRede foi criada ele foi o primeiro perfil, tinha milhares de amigos, alguns deles também estão agora no céu dos bichinhos, como o saudoso Antares da amiga Alice.

A alguns meses o Pingo apresentava sinais da velhice, apesar das informações da expectativa de vida de uma calopsita serem controversas, indo de 8 a 25 anos, eu sempre imaginei que ele viveria muito mais que 25, afinal quem não deseja que o seu companheirinho viva muito?

De qualquer forma o Pingo já não era mais o mesmo, as peninhas do topete começaram a ficar ralinhas, ele dormia muito mais, cantava muito menos e eu percebi que ele estava envelhecendo, ele perdeu o movimento de uma das perninhas mas se virava muito bem, com uma e o bico, na semana passada ele estava muito ofegante, bem amuado, de uma forma que me deixou assustado, chamei minha esposa e disse que ele estava estranho e que não parecia que iria resistir a aquele dia, mas se passou uma semana.

Certamente daria um livro as lembranças que tenho junto ao Pingo…

Ontem quando cheguei em casa ele estava caído, peguei ele com o corpinho bem frio, coloquei ele entre as minhas mão e comecei a fazer carinho e a conversar com ele, sabia o que estava por vir, acredito que ele também, conversei muito, relembramos muitas coisas, agradeci por ele ter sido um amiguinho tão bom e pedi perdão por ter sido um dono tão ruim, ficamos ali, eu esquentando ele, querendo que ele reagisse mas sabendo que ele precisava descansar dessa vida, e assim ele partiu, deixando um buraco jamais será preenchido, ele não está mais presente fisicamente, mas é uma lembrança gostosa que vou carregar para sempre dentro de mim, agradeço a Deus por permitir que eu tivesse essa despedida com o Pingo, abaixo a última foto de nós dois, tirei ontem enquanto esquentava ele, escrevo entre lágrimas, sinto saudades de você Pingo.

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