Escolha o plano de saúde para seu pet

Pode ter sido a água gelada, o barulho assustador do secador ou a cara de pânico do cão molhado ao lado

O fato é que a poodle Cristal decidiu fugir do banho e tosa e se jogou da banheira do pet shop. O resultado? Uma pata quebrada, alguns machucados e uma conta veterinária que ultrapassaria facilmente R$ 500. Mas a estudante Eduarda Rodrigues, sua dona, não gastou nada. O seguro de saúde do bicho cobriu todas as despesas.

No passado, poderia parecer exagero pagar, todos os meses, um plano para cães ou gatos. Mas nos últimos anos o número de empresas que oferecem o serviço em diversas capitais do país está aumentando. “A medicina veterinária evoluiu muito, e os proprietários estão dispostos a pagar por isso”, afirma Zohair Saliem Sayegh, vice-presidente da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária.

Alessandra Oliosi, que trabalha com vendas, sabe que a determinação de salvar um animal de estimação pode sair cara. Quando cuidava de Tuty, vira-lata do irmão, a cadela passou mal e teve de ser internada. Uma semana, inúmeros exames e uma série de procedimentos cirúrgicos depois, Tuty não resistiu, e Alessandra teve de arcar com o sofrimento – e a conta de quatro dígitos. “Hoje, tenho plano de saúde para os meus cães”, diz. “Pode até ser que eu acabe gastando mais, mas pelo menos posso planejar meu orçamento, sem despesas inesperadas.”

Em São Paulo, a Mister Saúde Animal conseguiu conquistar a clientela oferecendo planos com preços fixos convidativos. “Cerca de 70% de nossos segurados são pessoas que antes abandonavam seus animais doentes, por não possuírem condições de custear o tratamento”, diz Marcos Marcondes, responsável pelo atendimento aos clientes da empresa. Segundo Marcondes, os planos são baratos, com quatro opções de pacotes, que variam de R$ 33 a R$ 92 mensais.

Enquanto a Mister trabalha com clínicas veterinárias e laboratórios cadastrados, outras empresas oferecem atendimento em um único local. Um exemplo é o Hospital Veterinário Med Dog. Lá, o plano custa R$ 95 por trimestre para cães ou gatos, e dispõe de quatro consultas veterinárias em qualquer hora do dia ou da noite, exames laboratoriais e vacinas. “Estamos com cerca de 450 clientes, e a procura cresceu muito no último ano”, afirma Flávia Iazzetti, proprietária da clínica.

Um problema enfrentado pelas empresas de planos de saúde para pets é a identificação do animal. Uma mesma pessoa pode ter diversos bichos da mesma raça e cor e alterná-los em consultas e procedimentos, fingindo levar sempre o mesmo pet. “A solução seria colocar chips nos animais, mas muitos donos são contra esse procedimento invasivo”, diz Mário dos Santos, diretor clínico do Hospital Veterinário Sena Madureira. Em vez de adotar um plano, a entidade criou um “sistema de vantagens”: cada real gasto no hospital ou em sua loja virtual é revertido em pontos, que podem ser acumulados e trocados por serviços.

A prática de bonificar clientes com presentes para seus animais também foi adotada por uma seguradora de humanos, a Porto Seguro, que oferece três consultas veterinárias por ano para cada apólice. Jarbas Medeiros, coordenador de produtos, é otimista com o assunto. “A resposta foi tão positiva que o benefício, antes exclusivo do seguro residencial, foi levado também para o seguro de carros. E, para muita gente, ele é um ponto decisivo na hora de assinar um contrato.”

Para o aposentado Eurico Luís da Fonseca, garantir o plano de saúde de Niki, sua cocker-spaniel, é tão natural quanto pagar seu próprio convênio. Niki não é apenas o bicho de estimação de Eurico, é sua companhia. Uma vez, quando dividiam uma laranja, a cadela não reagiu bem.“A Niki urinou sangue, fiquei muito nervoso. Levei para o veterinário, fizeram ultrassonografia, ela foi medicada, e deu tudo certo. Com o plano de saúde, me sinto mais seguro”, afirma Eurico, enquanto Niki dorme mais tranquila aos pés do dono.