Número de pet shops triplica em dez anos em Florianópolis

O espaço dos animais domésticos na economia brasileira não para de aumentar. Em 2009, o setor movimentou R$ 9,6 bilhões. Esse ano, o segmento deve crescer entre 3% e 4%. Em Florianópolis, o número de pet shops triplicou nos últimos 10 anos.

Os dados do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) de Santa Catarina mostram que o número de clínicas em Florianópolis aumentou de 23 em 2000 para 42 em 2010 — crescimento de 82,6%. Em Joinville, a variação foi de 11 para 18, aumento de 63%. No Estado, hoje são 281 clínicas.

Análise de profissionais da área indica que a expansão de estabelecimentos que englobam serviços e venda de produtos para animais segue em ritmo mais acelerado. Um levantamento da Lovely Dog, empresa pioneira na área na Capital, aponta que, em 2000, eram entre 70 e 90 pet shops na Grande Florianópolis. Dez anos depois, o número varia entre 220 e 240.

O coordenador do Sebrae da Grande Florianópolis, Januário Serpa, afirma que o número de pessoas pedindo informações para abrir um pet shop vem crescendo. Ele credita o fato à possibilidade de os condomínios residenciais admitirem animais domésticos, o que não ocorria com frequência antes.

A veterinária Emirian Caldera, dona do pet shop Pet Pink, em Florianópolis, também acredita que o número crescente de pessoas vivendo em prédios eleva os gastos delas com os animais.

— Os donos agora dividem o mesmo espaço com o animal. Em muitos casos, dormem na mesma cama. Por isso, eles (os animais) têm que estar sempre limpos e saudáveis — explica.

Cláudia Maria Leite, da Clinicão, lembra que o animal ocupa hoje uma posição diferente dentro da família.

— Ele é um membro, não um bichinho no quintal. Ele faz parte da família e é considerado na hora da elaboração do orçamento da casa. E isso reflete em mais impostos e empregos. É mais gente cuidando, fazendo cama e roupa para eles — compara.

Setor emprega 220 mil pessoas
O setor pet emprega 220 mil pessoas no Brasil. São 20 mil na indústria e 200 mil na comercialização. Cláudia é o próprio exemplo de sua teoria e desse mercado. Trabalhou durante 22 anos no Besc antes de abrir seu pet shop. Começou no segmento há sete anos, com três funcionários. Hoje, sua clínica tem 14 funcionários e 200 animais cadastrados no plano mensal.

Os pet shops da cidade costumam cobrar uma mensalidade fixa, que varia entre R$ 60 e R$ 120, para dar banho no animal uma vez por semana, tosar e fazer acompanhamento veterinário.

A Lovely Dog tem três clínicas e 40 funcionários. Em 1975, quando inaugurou, eram cinco empregados. O diretor, João Gustavo de Souza, conta que nos últimos cinco anos a exigência dos donos dos animais tem aumentado e o mercado tem, também, lançado produtos diferenciados. Para atender os bichinhos, a clínica oferece veterinários especializados, como ortopedista, cardiologista e dermatologista.

Souza aposta no crescimento contínuo do mercado e abrirá até o ano que vem outras duas clínicas, a quarta na Capital e a primeira em São José. Para 2012, planeja o maior centro pet do Estado, com 2,3 mil metros quadrados.

Mimos estão em moda
Em um setor que só cresce, não falta espaço para os serviços exclusivos. Os bichinhos da Capital já podem se beneficiar de creche, ofurô e esteira. Há três meses, a veterinária Emirian Caldera se uniu à administradora Andréia Brígido e instalou um mini spa em seu pet shop Pet Pink.

A ideia é que o animal chegue cedo, brinque na creche com outros animais, se exercite na esteira, tome banho de ofurô e volte tranquilo para casa. O programa custa R$ 60.

Para oferecer o serviço, a dupla injetou R$ 30 mil no negócio. A expectativa é que o investimento seja pago em 26 meses. Elas também esperam um aumento de 40% na clientela e que os atuais clientes aumentem seus gastos em 20%.

Quem paga a conta são, normalmente, mulheres com mais de 35 anos, já estabelecidas financeiramente.

Vagas abertas
Atendimento veterinário, loja e hotel são serviços básicos oferecidos nos pet shops. Mas o fi lão do setor são o banho e a tosa. A atividade é responsável por até 60% do faturamento. Na Clinicão, a média é de 60 banhos diários e há dias em que é preciso recusar animais. São seis funcionários no setor, e o serviço poderia ser ampliado se houvesse mais pessoal qualificado.

Diante do problema, a clínica criou, há três anos, um curso para formar tosadores e banhistas. O Studio Pet, em São José, também oferece cursos. Nos últimos três anos, foram 250 alunos. O professor e tosador Jorge Luiz Cardoso acredita que 60% deles estão empregados. Simone Rosa, 30 anos, fez o curso de tosa em janeiro e, assim que terminou as aulas, foi contratada. O salário de um tosador com experiência pode chegar a R$ 1,5 mil. O preço dos cursos varia de R$ 450 a R$ 650.

Gasto mensal chega a R$ 500
Jade passa a maior parte do dia em casa, deitada sobre uma almofada. Sua dona não precisa gastar com brinquedos importados, pois ela não dá bola para eles. Mesmo assim, o gasto mensal com Jade varia de R$ 200 a R$ 300.

A média dos gastos mensais com saúde, alimentação, banhos e brinquedos para um animal de estimação é de R$ 100 em Florianópolis, de acordo com veterinários e donos de pet shops. É o necessário para pagar ração, um ou outro remédio e o plano mensal, que varia entre R$ 60 e R$ 70 e inclui banho, tosa e acompanhamento médico. Aqueles que optam em oferecer luxo ao seu animal gastam até R$ 500 por mês.

Jade está no meio termo. Não é uma cachorra de supérfluos. Durante seus primeiros 10 anos de vida, ela ficou na média florianopolitana. Com a idade (ela recém completou 14 anos) veio o aumento do orçamento. Motivo: ração importada e remédios.

De comida, são dois quilos por mês de um pacotinho que custa R$ 25. O medicamento para aliviar as dores (ela tem tumor no pâncreas e no baço há três anos) é à base de morfina. O preço: R$ 35. Em alguns meses são necessárias duas caixas. Além disso, há remédio para o ouvido, o olho e o mau hálito. Teve época em que os problemas de saúde de Jade chegaram a custar R$ 400 mensais.

Vera Regina Moreira é a dona da cachorrinha poodle. Já perdeu noites sem dormir porque Jade estava doente. Hoje, não a deixa sozinha em casa.

— Eu não sabia que um cachorro idoso exige tanto cuidado.