Novo estudo da USP também garante segurança no método de castração química de animais

Além de mais prático e causar menos dor que o procedimento cirúrgico, castração química é 70% mais barata

Lançado em 2009 no Brasil, a infertilização não cirúrgica vem sendo aplicada com sucesso. O medicamento, batizado de Infertile, esteriliza cães machos sem a necessidade – e os inconvenientes – do procedimento cirúrgico.

A seriedade, eficácia e segurança do produto já foram comprovadas diversas vezes por instituições renomadas, como a UNESP, e o CRMV-SP (Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo), que chegou até a emitir um parecer oficial. Em linhas gerais, o texto afirma que o Infertile foi criado após um minucioso desenvolvimento científico e “representa uma alternativa de interesse para a saúde pública veterinária, indicado, principalmente, para o controle da reprodução de cães de companhia de populações de baixa renda”.

A Faculdade de Medicina Veterinária da USP publicou um estudo recente e mais uma vez os resultados foram muito positivos. “A segurança de uso do produto se deve, entre outras coisas, à presença de DMSO na fórmula. Essa substância, além de ser agente dispersante, também tem efeito anti-inflamatório e é uma exclusividade nossa, mesmo comparando nosso produto com outros no mercado mundial”, afirma Ricardo Lucas, responsável técnico da Rhobifarma, fabricante do produto.

Há quatro anos no mercado o procedimento ainda divide opiniões, reflexo da falta de informação e de interesses políticos.“É interessante mencionar que grupos contrários ao procedimento são os mesmos diretamente envolvidos na chamada “indústria da castração cirúrgica”, e que tais grupos têm interesse em manter as coisas exatamente do jeito em que estão. E acabam por influenciar aqueles com pouco conhecimento sobre o produto e o método. Isso, infelizmente, tem pouco a ver com a proteção animal de fato”, afirma Ricardo.

Só em 2012, treze novas prefeituras passaram a utilizar o procedimento. Ao todo já são 53 municípios de 14 Estados, entre eles São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais. De acordo com especialistas os benefícios são muitos. Campanhas de esterilização feitas com o Infertile podem ser realizadas em campo, junto com a vacinação contra a raiva, por exemplo. Outra vantagem é o custo, cerca de 70% inferior a uma cirurgia tradicional.

E não são apenas Prefeituras que adotam o método. Na cidade de Lavras (MG), por exemplo, a tecnologia foi utilizada pela ONG Parque Francisco de Assis. “A castração química é muito prática, segura e eficaz. Não exige ambiente cirúrgico e não oferece riscos por dispensar anestesia geral e os cuidados típicos de um pós-operatório”, afirma o Professor Santa Rosa, colaborador do Parque Francisco de Assis – ele acompanhou a aplicação do medicamento desde o início.

Segundo o professor, os cães responderam de forma positiva ao procedimento, com ausência de dor, comportando-se de forma normal, bem diferente do método cirúrgico, na qual os cães têm que fazer uso de analgésicos, antibióticos, entre outros cuidados. Depois de quase dois anos, os animais continuam saudáveis e não apresentaram efeitos colaterais. “O maior problema que eu vejo hoje no procedimento é o preconceito. Quem nunca usou vê um série de problemas que na verdade não tem”, diz o especialista.

Uma única aplicação torna totalmente estéreis até 80% dos animais. Os 20% restantes tornam-se inférteis, pois apesar de capazes de produzir espermatozóides, o fazem em quantidade insuficiente para fertilização. O medicamento leva aproximadamente 30 dias para exercer o efeito esperado e dada a segurança, todos os cães machos e saudáveis a partir dos 3 meses de vida podem receber a aplicação.